Mais de oito mil pessoas pedem intervenção portuguesa no caso Luaty Beirão

Peticionários querem que o Governo exija a libertação do cantor e activista. O cineasta húngaro Béla Tarr juntou-se esta terça-feira como signatário.

Foto
Lisboa e Porto foram nas últimas semanas palco de vigílias pela liberdade dos activistas presos em Angola Miguel Manso

Em pouco mais de 24 horas, desde que foi tornada pública, a petição Pela intervenção do Governo português na libertação de Luaty Beirão recolheu mais de 5000 assinaturas. Na tarde desta quinta-feira, o número já ultrapassava as 8500. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em pouco mais de 24 horas, desde que foi tornada pública, a petição Pela intervenção do Governo português na libertação de Luaty Beirão recolheu mais de 5000 assinaturas. Na tarde desta quinta-feira, o número já ultrapassava as 8500. 

Dirigida como carta aberta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e ao embaixador português em Angola, João da Câmara, a petição foi lançada esta segunda-feira por um grupo de intelectuais, políticos e artistas portugueses e internacionais, entre os quais os filósofos José Gil e Jacques Rancière, os cineastas Pedro Costa e Gus van Sant e os actores Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida, que recordam que o músico e activista Henrique Luaty Beirão tem dupla nacionalidade pelo que, para todos os efeitos, é “um cidadão português ilegalmente preso no estrangeiro”.

“Sabemos que [Luaty] está disposto a dar a vida por causas maiores, como a da liberdade e justiça. Também sabemos que a sua morte pode estar próxima, na sequência da sua longa greve de fome. É obrigação constitucional, ética e moral do Governo português não permitir que aconteça”, escrevem os signatários, entre os quais se contam também Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, Rui Tavares, do Livre, e a deputada do PS Inês de Medeiros.

“É imperativo que o Governo português tome uma posição e publicamente exija a imediata libertação de Luaty Beirão. É também obrigação do Governo português comunicar a sua posição a toda a CPLP, bem como a toda a comunidade mundial empenhada na defesa dos princípios da liberdade e da igualdade. Portugal não pode persistir como testemunha silenciosa e passiva de um lento assassinato político sem se tornar seu cúmplice”, conclui o texto publicado em português e inglês a que na tarde desta terça-feira o conhecido cineasta húngaro Béla Tarr também manifestou o seu apoio e a que se juntam assinaturas como a do ensaísta José Bragança de Miranda e da filósofa Maria Filomena Molder.

Há 30 dias em greve de fome, Luaty Beirão não tenciona interromper o seu protesto contra a ilegalidade da sua detenção e de outros 14 activistas políticos, acusados pelo regime de conspiração para um golpe de Estado. Com julgamento marcado para dia 16 de Novembro, Luaty Beirão apenas pondera suspender a greve de fome se a justiça conceder aos arguidos o direito a aguardar o início do processo em liberdade.