Universidade de Coimbra vai patentear novo meio de diagnóstico do cancro

Estabelecida parceria com empresa norte-americana.

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Os investigadores Francisco Alves e Antero Abrunhosa DR

Um novo meio de diagnóstico de cancro, desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), vai ser submetido a pedido de patente internacional, anunciou esta terça-feira a Universidade de Coimbra.

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Um novo meio de diagnóstico de cancro, desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), vai ser submetido a pedido de patente internacional, anunciou esta terça-feira a Universidade de Coimbra.

O ICNAS e a multinacional norte-americana Ion Beam Applications (IBA) – que fabrica um tipo de aceleradores de partículas, os ciclotrões – acabam de “submeter conjuntamente o pedido de patente internacional para um novo processo de produção de gálio-68, um isótopo fundamental no diagnóstico do cancro”, referiu aquela Universidade.

O novo processo de produção de gálio-68 garante “maior rendimento e tem um custo dez vezes inferior” ao método adoptado actualmente. A invenção é dos investigadores do ICNAS Antero Abrunhosa, Francisco Alves e Vítor Alves, que “ao longo dos últimos dois anos desenvolveram um processo inovador de produção de isótopos para marcação de moléculas utilizadas em tomografia de emissão de positrões (PET), essenciais para o diagnóstico e o estadiamento [estádio ou extensão] de doenças oncológicas”, explica o comunicado.

O método formulado pelos investigadores de Coimbra tem impacto significativo na realização de exames de PET para o diagnóstico de cancro porque “garante maior rendimento e tem um custo dez vezes inferior ao actual, tornando assim o exame acessível a um maior número de doentes e promovendo o uso generalizado deste tipo de exame para o diagnóstico de tumores”, sublinham os investigadores na mesma nota de imprensa. “Esta redução de custos terá também, sem dúvida, um impacto positivo no sistema nacional de saúde”, pois o “método disponível no mercado é complexo e dispendioso”, salientam Antero Abrunhosa, Francisco Alves e Vítor Alves.

Os três especialistas destacam ainda a importância da transferência de tecnologia da universidade para as empresas, com benefícios sociais e económicos, porque “a IBA vai comercializar em todo o mundo as soluções criadas a partir desta patente”. A solução desenvolvida no ICNAS – que se dedica à investigação básica e clínica na área da imagem médica e à produção de radiofármacos utilizados no diagnóstico PET em oncologia, cardiologia e doenças neurodegenerativas – terá “uma escala global”, acreditam os investigadores.

No âmbito desta parceria, a IBA e a Universidade de Coimbra estabeleceram um protocolo de cooperação, assumindo a empresa “o financiamento de plano de doutoramento de quatro anos para continuar a pesquisa de soluções inovadoras para o diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas”, lê-se no comunicado. O acordo vai ser formalizado na próxima quinta-feira pelo reitor João Gabriel Silva, pelo director do ICNAS, Miguel Castelo Branco, e pelo vice-presidente da IBA, Bruno Scutnaire.