Companhia aérea do novo dono da TAP tem prejuízo de 53 milhões

Azul perdeu 236 milhões de reais (cerca de 53 milhões de euros) no segundo trimestre. Queda do real e de passageiros afecta aviação no Brasil.

Foto
Custos da Azul agravaram-se no segundo trimestre REUTERS/Paulo Whitaker

A Azul, a transportadora aérea brasileira de David Neeleman, o sócio de Humberto Pedrosa na compra da TAP, teve prejuízos de 236 milhões de reais (aproximadamente 53 milhões de euros) até Junho. Os números compararam com resultados positivos no primeiro trimestre e surgem num contexto em que a desvalorização do real face ao dólar está a pressionar os custos das empresas de aviação no Brasil e o tráfego de passageiros está em queda.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Azul, a transportadora aérea brasileira de David Neeleman, o sócio de Humberto Pedrosa na compra da TAP, teve prejuízos de 236 milhões de reais (aproximadamente 53 milhões de euros) até Junho. Os números compararam com resultados positivos no primeiro trimestre e surgem num contexto em que a desvalorização do real face ao dólar está a pressionar os custos das empresas de aviação no Brasil e o tráfego de passageiros está em queda.

Os números da Azul, divulgados pelo regulador da aviação civil brasileiro (ANAC) mostram que, no segundo trimestre, os resultados da companhia de David Neeleman anularam o lucro de 92 milhões de reais (20 milhões de euros) obtido entre Janeiro e Março, passando para um prejuízo de 329 milhões de reais (quase 74 milhões de euros). Assim, no final do primeiro semestre, as perdas saldavam-se em aproximadamente 236 milhões de reais.

Os números também representam uma quebra face a Junho de 2014, quando a companhia registou um lucro de cerca de 12 milhões de reais (2,7 milhões de euros) no segundo trimestre.

A contribuir para a inversão de tendência esteve o agravamento de custos dos serviços prestados, revelaram os dados enviados pela Azul à ANAC. Embora a receita líquida tenha subido 10% para 1,4 mil milhões de reais (314 milhões de euros) no segundo trimestre, os custos agravaram-se 25,8%, para 1,3 mil milhões de reais (292 milhões de euros).

As receitas com transporte de passageiros cresceram quase 10% para 1,2 mil milhões de reais e as outras receitas (onde se inclui o transporte de carga) melhoraram 23%, para 185 milhões de reais, mas o trimestre saldou-se com um prejuízo operacional de 91 milhões de reais (ou 107 milhões de reais, considerando os primeiros seis meses).

No final de Junho, a Azul tinha 452 milhões de reais em caixa e equivalentes de caixa e as responsabilidades com fornecedores rondavam os 991 milhões de reais.

Dificuldades na aviação no Brasil
A Azul foi uma das empresas que pediu recentemente ao governo brasileiro medidas para ajudar a combater as dificuldades do sector da aviação. Segundo o site Presstur, que cita declarações do presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEA), Eduardo Sanovicz, a aviação brasileira poderá apresentar este ano um défice de tesouraria histórico de 7,3 mil milhões de reais (quase 1,6 mil milhões de euros).

Segundo explicou Eduardo Sanovicz, o défice de tesouraria resulta da desvalorização de 55% do real face ao dólar que grava os custos das empresas brasileiras, e do facto de o preço do combustível no Brasil ser 50% mais caro que os preços internacionais. Além disso, as tarifas aeroportuárias mais que duplicaram no período e o tráfego empresarial (que é responsável pela compra das tarifas mais elevadas) teve uma queda de 50%.

Assim, enquanto os custos aumentaram 24% este ano, as receitas cresceram apenas 3,7%, queixou-se o presidente da ABEA, onde além da Azul estão a TAM, a Gol, e a Avianca, de Germán Efromovich, o candidato derrotado na privatização da TAP.

Por isso, a ABEA apresentou recentemente um conjunto de reivindicações ao Governo brasileiro que passam pelo alinhamento do preço do combustível de aviação com o praticado nos mercados internacionais, a eliminação de certos impostos sobre os combustíveis e o financiamento temporário de algumas tarifas aeroportuárias e de navegação, bem como a revisão de medidas de regulação do transporte aéreo.

São medidas que podem ter um alívio de tesouraria sobre as empresas na ordem dos 6,5 mil milhões de reais (1,4 mil milhões de euros) em 2016, calcula a ABEAR.