Antes do dilúvio
A realidade não se inventa com uma aritmética duvidosa e meia dúzia de frases sibilinas.
António Costa não percebeu o essencial, ou seja, que um Governo como o que ele se prepara para fabricar com o PCP e o Bloco é impossível em democracia e só se aguenta, e mal, em ditadura. Com um Parlamento aberto e uma oposição a meia dúzia de votos da maioria absoluta; com liberdade de expressão e de reunião; com um regime judicial, apesar de tudo, independente; com partidos sólidos nas câmaras de mais de metade do país; com uma economia de mercado; e com uma Igreja Católica intocável: é um contra-senso e uma loucura. A cada erro, a cada fracasso, haverá uma tempestade geral e Costa não tem, fora da sua geringonça, em quem se apoiar. E mesmo no PC e no Bloco não vai ser fácil encontrar quem queira partilhar o desastre. A realidade não se inventa com uma aritmética duvidosa e meia dúzia de frases sibilinas.
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António Costa não percebeu o essencial, ou seja, que um Governo como o que ele se prepara para fabricar com o PCP e o Bloco é impossível em democracia e só se aguenta, e mal, em ditadura. Com um Parlamento aberto e uma oposição a meia dúzia de votos da maioria absoluta; com liberdade de expressão e de reunião; com um regime judicial, apesar de tudo, independente; com partidos sólidos nas câmaras de mais de metade do país; com uma economia de mercado; e com uma Igreja Católica intocável: é um contra-senso e uma loucura. A cada erro, a cada fracasso, haverá uma tempestade geral e Costa não tem, fora da sua geringonça, em quem se apoiar. E mesmo no PC e no Bloco não vai ser fácil encontrar quem queira partilhar o desastre. A realidade não se inventa com uma aritmética duvidosa e meia dúzia de frases sibilinas.
Além disto, que chega e sobra, o Governo PS não pode dispensar uma disciplina rigorosa no seu próprio partido, que sempre viveu de uma larga tolerância, e nos partidos da extrema-esquerda em que não manda e são uma quantidade desconhecida, jurem agora o que jurarem. Costa andará sempre a olhar por cima do ombro e cairá dia a dia em qualquer armadilha que lhe estenderem. A boa-fé, que ele também não observou, não é uma das virtudes do radicalismo, por muito cândida que a dra. Catarina pareça. A intriga endémica da esquerda crescerá sem parar, com a ajuda dos grupinhos que nasceram ultimamente e um batalhão de comentadores à procura do seu lugar ao sol. Imerso neste caldeirão, o Governo, sem meios para impor a sua autoridade, irá muito depressa cair numa irremediável barafunda.
E, por fim, Costa não tem dinheiro para pagar os compromissos do PS e os que vier a tomar para angariar os votos do PC e do Bloco. Em vários tons, os papas da economia já avisaram que, nesse capítulo, o programa do PS leva a uma segunda catástrofe. Para não os citar todos, basta falar da sra. dra. Teodora Cardoso, presidente de um organismo respeitável, o Conselho das Finanças Públicas. Previne a senhora que “o regresso a uma política de estímulo ao consumo privado pode agravar o défice externo”, “o défice orçamental” e, logicamente, “o grau de endividamento” do país. E, para não deixar dúvidas, Teodora Cardoso não hesita em dizer que a estratégia de Costa cria o “risco” de provocar uma “nova crise”. Se criar, como de resto pessoalmente acredito, não se tornará a ouvir em Portugal o nome do PS.