Jovem afegão morto na fronteira entre a Bulgária e a Turquia

Guarda fronteiriço búlgaro diz que disparou tiros de aviso e uma das balas fez ricochete. Vítima estava num grupo de dezenas de afegãos que entraram no país pela Turquia.

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Dezenas de milhares de pessoas tentam passar pela Bulgária para chegarem à Europa Ocidental BULENT KILIC/AFP

Um jovem afegão foi baleado mortalmente por um guarda fronteiriço na Bulgária, na cidade de Sredets, a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Turquia. O guarda diz que disparou tiros de aviso e que uma das balas fez ricochete e acertou na vítima.

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Um jovem afegão foi baleado mortalmente por um guarda fronteiriço na Bulgária, na cidade de Sredets, a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Turquia. O guarda diz que disparou tiros de aviso e que uma das balas fez ricochete e acertou na vítima.

"Uma patrulha de guardas fronteiriços e de polícias deparou-se com um grupo de 50 infractores, que entraram no país ilegalmente", disse o secretário de Estado da Administração Interna da Bulgária, Georgi Kostov, numa declaração transmitida pela rádio pública do país e citada pela agência Reuters.

O mesmo responsável disse que o jovem ficou ferido e acabou por morrer quando estava a ser levado para um hospital.

As únicas informações conhecidas até agora foram transmitidas pelo Governo da Bulgária. De acordo com Georgi Kostov, os jovens tinham entre 20 e 30 anos e "ofereceram resistência durante a detenção".

"Um dos guardas disparou tiros de aviso e, segundo a sua versão, um dos migrantes ficou ferido por uma bala que fez ricochete, e morreu depois", disse ainda o secretário de Estado búlgaro.

O Ministério Público da Bulgária está a investigar o caso, que é o primeiro com uma vítima mortal desde o aumento da chegada de refugiados e migrantes ao país, há dois anos.

O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Boris Cheshirkov, condenou o uso da força e pediu às autoridades búlgaras que investiguem o caso de forma "transparente e minuciosa".

A Bulgária faz parte da União Europeia mas não do Espaço Schengen de livre circulação de pessoas e bens. Nos últimos tempos tem reforçado os sistemas de defesa e vigilância ao longo das suas fronteiras, à semelhança da Hungria, com a instalação de câmaras e sensores de movimento e a construção de uma vedação ao longo dos 160 quilómetros da fronteira com a Turquia.

O país faz parte da rota percorrida por dezenas de milhares de pessoas que tentam chegar ao centro e ao Norte da Europa, e que inclui a Grécia, a Macedónia e a Sérvia, muitas delas em fuga de guerras e perseguições na Síria, no Afeganistão e no Iraque.

Num outro incidente, na localidade francesa de Calais, uma pessoa morreu trucidada por um comboio quando tentava chegar ao Reino Unido através do Eurotúnel, que liga os dois lados do canal da Mancha. Desde Junho morreram 16 pessoas em Calais na tentativa de entrarem no Reino Unido.