Autoridades espanholas admitem que jacinto-de-água vai chegar ao Alqueva
Presidente da Junta Regional da Extremadura pediu ajuda à União Europeia para erradicar a planta infestante e vai abordar o problema com o novo Governo português.
Ao fim de uma década e de 25 milhões de euros gastos na extracção de quase 300 mil toneladas do jacinto-de-água, no troço do Guadiana entre Mérida e Badajoz, o presidente da Junta Regional da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, reconhece a impotência das autoridades espanholas para erradicar a planta infestante. Preocupado com a possibilidade da infestação se disseminar pelo troço do Guadiana e albufeira do Alqueva, deslocou-se terça-feira a Bruxelas para pedir à União Europeia ajuda no combate à praga.
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Ao fim de uma década e de 25 milhões de euros gastos na extracção de quase 300 mil toneladas do jacinto-de-água, no troço do Guadiana entre Mérida e Badajoz, o presidente da Junta Regional da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, reconhece a impotência das autoridades espanholas para erradicar a planta infestante. Preocupado com a possibilidade da infestação se disseminar pelo troço do Guadiana e albufeira do Alqueva, deslocou-se terça-feira a Bruxelas para pedir à União Europeia ajuda no combate à praga.
Em declarações prestadas aos jornalistas na capital belga, Vara admitiu a incapacidade de a nível regional, acabar com a praga e advertiu que o problema pode estender-se ao rio Guadiana em território português. “Se não chegar no ano que vem, chegará dentro de quatro, mas chegará”, sentenciou o presidente da Junta Regional da Extremadura.
No entanto, uma mancha do jacinto-de-água já se encontra em território português, confirmou ao PÚBLICO, em Agosto, a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA). A empresa adiantou que está a fazer a recolha da planta “a jusante da fronteira com Espanha” através de intervenções semanais “realizadas com meios técnicos e humanos da EDIA”.
A presença da planta infestante junto à confluência com o rio Caia “é preocupante”, reconhece a EDIA, por se tratar de uma espécie invasora “com elevada capacidade de dispersão e de degradação da qualidade da água”. A empresa diz “estar consciente das implicações” associadas a eventos extremos, “nomeadamente cheias significativas no Outono”, quando a planta “ainda apresenta vigor vegetativo e consequentemente capacidade de flutuabilidade e de colonização”, subsistindo o receio de que “tal possa vir a acontecer em relação a Alqueva”.
Guillermo Vara anunciou que vai deslocar-se “no próximo mês” a Portugal para discutir com o novo Governo os riscos da disseminação do jacinto-de-água, consciente que a praga veio para ficar pois mesmo que desapareça no Inverno e no tempo frio, “não será eliminada e no ano seguinte volta” com mais força com a chegada do calor na Primavera.
“É um problema muito sério e temos que fazer-lhe frente entre o Governo extremenho, o Governo português e a União Europeia”, insistiu Vara, que defende a necessidade de estabelecer um plano que não se limite a “retirar o que há” em cada ano que passa pois “a praga regressa sempre”.
É necessário “investigar” novos tratamentos que contribuam para eliminar a infestante mas também “recursos económicos para limpar todo” o jacinto-de-água e “eliminar os restos da planta que está depositada no curso do rio. O presidente extremenho reconhece os impactos negativos que proliferação da praga pode vir a ter “na agricultura, no meio ambiente e inclusive no turismo”, admitindo, perante a dimensão do problema, que só com o apoio da União Europeia é possível acabar com a praga do jacinto-de-água no rio Guadiana.