Dilma Rousseff acusa oposição de "golpismo escancarado"

Presidente do Brasil, que pode enfrentar um processo de destituição, recorre à herança de Lula e pede o apoio do povo e dos trabalhadores.

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Lulae Dilma no congresso da CUT - a Presidente decidiu assistir à sessão à última hora Miguel SCHINCARIOL/AFP

A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acusou a oposição de "golpismo escancarado" e rejeitou qualquer acto que justifique um processo de destituição contra si.

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A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, acusou a oposição de "golpismo escancarado" e rejeitou qualquer acto que justifique um processo de destituição contra si.

"Na busca de encurtar o seu caminho para o poder, [os membros da oposição] tentam dar um golpe. Este discurso golpista não é apenas contra mim, mas contra aquilo que represento. Eu represento as conquistas do Governo Lula. Mas podem ter a certeza, não vão conseguir", disse Rousseff na terça-feira ao fim do dia, na abertura do 12.º congresso da Central Única de Trabalhadores. Ao seu lado tinha o ex-Presidente Lula da Silva.

Dilma disse que não está a ser investigada por qualquer crime, ao contrário do que acontece com muitos dos que a querem derrubar. "Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa para atacar a minha honra?", perguntou.

"A sociedade brasileira conhece os chamados moralistas sem moral. E conhece porque o meu Governo e o Governo do Presidente Lula proporcionou o mais enfático combate à corrupção da nossa História", disse. "O que antes era inconformismo [com a derrota, nas eleições do ano passado], transformou-se num claro desejo de retrocesso político. Isso é um golpismo escancarado", disse Dilma Rousseff defendendo a sua presidência e o seu Partido dos Trabalhadores, e pedindo o apoio do povo e dos trabalhadores.

A Presidente, diz o jornal brasileiro O Globo, não tinha previsto assistir à abertuar do congrersso. Mudou de ideia à última hora. É que pouco antes Rousseff conseguira uma pequena vitória - ou pelo menos conseguiu tempo para preparar uma estratégia -, quando o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (do PMDB, na coligação do governo, já acusado pela Justiça de ter recebido subornos)  decidiu adiar a decisão sobre se avança ou arquiva um (entre vários) processo visando a destituição da Presidente.

Este processo prende-se com a manipulação do orçamento de 2014, como concluiu a investigação do Tribunal de Contas. Dilma já começou a explicar à opinião pública que a engenharia financeira com que equilibrou as contas (no Brasil chamam-lhe "pedaladas fiscais") serviu para o seu Governo manter os programas sociais. Lula da Silva também já tinha vindo em auxílio da sucessora no PT, dizendo que algumas operações financeiras permitiram pagar os programas que levaram à diminuição substancial da pobreza no Brasil.

Dilma Rousseff tem mais uma frente de guerra: o Tribunal Eleitoral está a investigar verbas usado na campanha para a reeleição, havendo suspeitas de que foi usado dinheiro que chegou de forma ilegal de empresas envolvidas no escândalo de corrupção na Petrobras, que já levou à prisão de dezenas de políticos de vários partidos, entre eles do PT, e de empresários.