Grécia rejeita cooperação militar com a Turquia no Mar Egeu para travar refugiados
A ideia nasceu em Berlim, mas o Governo de Atenas já explicou que tem motivos históricos e humanitários para rejeitá-la.
O Governo grego rejeitou a ideia alemã de haver patrulhas conjuntas, gregas e turcas, no Mar Egeu para controlar o tráfico de refugiados que cruzam esse mar para chegar à União Europeia.
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O Governo grego rejeitou a ideia alemã de haver patrulhas conjuntas, gregas e turcas, no Mar Egeu para controlar o tráfico de refugiados que cruzam esse mar para chegar à União Europeia.
Um porta-voz de Angela Merkel sugeriu uma cooperação militar entre a Grécia e a Turquia para travar a passagem de refugiados pelo Egeu, mas o Governo de Atenas não gostou da ideia que ignora duas permissas: os dois países não se entendem sobre a parte que cada um controla nesse mar; e Atenas recusa envolver meios militares na resolução de um problema gerado por uma guerra.
"A Grécia, que guarda as fronteiras do Mar Egeu e do Mediterrâneo, nunca pensou em exigir à sua Marinha e aos generais das suas Forças Armadas que façam frente aos refugiados de guerra", esclarece em comunicado o Ministério grego dos Negócios Estrangeiros.
O documento respondia às declarações do porta-voz da chancelaria alemã, Steffen Seibert, que na segunda-feira defendeu uma "resposta coordenada à questão migratória no Mar Egeu". "No Mar Egeu, neste momento, temos uma situação em que os traficantes podem agir à vontade", disse Seibert, sublinhando essa "situação coloca a vida de muita gente em perigo". "Não vos posso dizer como deve ser feita essa coordenação entre unidades da marinha, mas temos necessidade que ela exista nessa fronteira exterior da União Europeia".
Grécia e Turquia disputam o Mar Egeu ao disputarem os limites das suas plataformas continentais, explica o jornal grego Kathimerini. E o Governo de Atenas receia que a Turquia use qualquer pretexto para reforçar a sua presença nesse mar.
O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros grego sublinha que Atenas está disponível para trabalhar com Ancara na luta contra o tráfico humano, mas "de forma coordenada no quadro da partilha de informações" e no âmbito da aplicação de um "tratado bilateral" sobre o regresso, à Turquia, dos refugiados que chegam à Grécia partindo desse país.
Mais de 400 mil refugiados chegaram à Grécia desde o início do ano, segundo dados da agência de vigilância de fronteiras da UE, Frontex.