Caso da morte do leão Cecil pode terminar sem culpados
Anúncio de que o Zimbabwe não vai processar dentista norte-americano que caçou o animal pode retirar força a outras acusações.
Depois do anúncio, esta segunda-feira, de que as autoridades do país não irão processar o dentista norte-americano Joseph Palmer, que abateu Cecil com uma flechada e um tiro, a acusação sobre outros dois alegados implicados pode ter poucas pernas para andar.
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Depois do anúncio, esta segunda-feira, de que as autoridades do país não irão processar o dentista norte-americano Joseph Palmer, que abateu Cecil com uma flechada e um tiro, a acusação sobre outros dois alegados implicados pode ter poucas pernas para andar.
A ministra do Ambiente do Zimbabwe, Oppah Muchinguri-Karshiri, disse na segunda-feira que Palmer afinal tinha as autorizações necessárias para caçar um leão. “Falamos com a polícia e com o procurador-geral, e constatámos que Palmer veio para o Zimbabwe porque todos os documentos estavam em ordem”, afirmou Muchinguri-Karshiri.
Com isso, fica sem efeito a intenção das autoridades de extraditar Palmer para ser julgado no Zimbabwe. A ministra do Ambiente afirmou que o dentista norte-americano pode visitar o país em turismo, mas não será novamente autorizado a caçar. “Vamos agora rever como emitimos quotas de caça”, disse a governante.
A Zimbabwe Conservation Task Force, uma organização criada em 2001 para patrulhar a caça ilegal nos parques naturais do país, continua a argumentar que morte de Cecil resultou de uma operação ilegal. Segundo a organização, Palmer e outros caçadores que lhe serviram de guias atraíram o leão para fora do Parque Natural de Hwange, para o abater numa propriedade adjacente. Cecil era o leão mais conhecido do parque e estava a ser acompanhado por investigadores, através de uma coleira com GPS.
A tese da ilegalidade sofreu, porém, um golpe com o anúncio, agora, de que Palmer tinha os papéis em ordem – algo que o dentista sempre argumentou, desde que o seu nome foi revelado pelo jornal britânico The Telegraph, no final de Julho.
E se estava tudo autorizado, fica prejudicada a acusação feita no final de Julho ao guia Theo Bronkhorst, de não ter evitado uma caçada ilegal. Honest Ndlovu, o dono da herdade onde tudo aconteceu, também foi acusado.
Nesta quinta-feira, um tribunal de Hwange vai deliberar sobre um pedido da defesa de Bronkhorst para encerrar o processo. O guia profissional, que tinha sido preso mas libertado sob fiança por causa de Cecil, voltou a ser detido no mês passado, por outro caso. Bronkhorst é agora também acusado de transporte ilegal de 29 palancas, quando alegadamente as tentava levar para fora do país.
A morte do leão Cecil provocou uma enorme onda de protesto em todo o mundo. Joseph Palmer encerrou a sua clínica dentária em Bloomington, no estado de Minesota, e esteve durante dois meses em parte incerta. Regressou ao trabalho apenas em Setembro.
Nos Estados Unidos, o departamento norte-americano de Pescas e da Natureza lançou uma investigação ao caso, mas é pouco provável que encontre alguma matéria de foro criminal contra Palmer.