Queda de vendas em Angola leva Unicer a despedir 105 trabalhadores
Dona da Super Bock avança com plano de reestruturação que implica o encerramento da fábrica de refrigerantes em Santarém.
Em comunicado, a dona da Super Bock avança que a redução no volume de negócios, “subjacente a uma quebra no mercado cervejeiro angolano de 30%”, vai ter impacto directo nas contas de 2016. Angola é o segundo maior cliente da empresa, depois de Portugal, valendo cerca de um quarto das vendas.
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Em comunicado, a dona da Super Bock avança que a redução no volume de negócios, “subjacente a uma quebra no mercado cervejeiro angolano de 30%”, vai ter impacto directo nas contas de 2016. Angola é o segundo maior cliente da empresa, depois de Portugal, valendo cerca de um quarto das vendas.
“Considerando o foco nos seus negócios estratégicos e os baixos níveis de utilização da capacidade instalada em Santarém, a empresa vai recorrer a um parceiro para a produção das suas marcas de refrigerantes e, desta forma, desactivar esta sua unidade. Para além desta medida, será ainda reajustada a capacidade produtiva global e a estrutura de suporte ao negócio, o que se traduzirá num modelo industrial mais competitivo e eficiente”, refere a Unicer, em comunicado.
A unidade de Santarém já tinha sido alvo de mudanças e deixou de produzir cerveja em meados de 2013, na sequência de um investimento de 80 milhões de euros na expansão e modernização da fábrica-mãe em Leça do Bailio. Contudo, manteve as plataformas de armazenagem e de distribuição, bem como a operação nos refrigerantes que acaba, agora, por encerrar.
Foi o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab) que veio revelar, nesta quinta-feira, a decisão da empresa. À agência Lusa, Rui Matias, dirigente do Sintab, disse que a unidade emprega entre 150 a 170 trabalhadores, número que inclui funcionários com contrato de prestação de serviços. Por seu lado, a Unicer garante que será possível “assegurar a empregabilidade de uma parte dos colaboradores afectos a Santarém, estando ainda a ser identificadas oportunidades de mobilidade interna na estrutura global da empresa”. A saída de trabalhadores é “inevitável”, diz a cervejeira.
Do total de 140 pessoas afectadas, 70 trabalham na unidade de Santarém e 70 na estrutura global da Unicer. A expectativa é integrar 25 funcionários na unidade fabril que irá passar a produzir os refrigerantes e cujo nome a empresa não quis divulgar, quando questionada pelo PÚBLICO.
“Apesar da instabilidade económica dos mercados, a Unicer mantém os seus compromissos, em Portugal e no estrangeiro. Angola, que actualmente vive uma conjuntura adversa motivada pela queda do preço do petróleo, continua a ser um mercado prioritário no negócio da empresa, designadamente no que respeita ao compromisso para com o projecto de investimento industrial em curso”, diz a empresa, referindo-se à construção de uma fábrica naquele país. a intenção da empresa é também investir na produção local de cevada e malte.
A crise angolana já motivou a saída de João Abecasis em finais de Julho. O gestor tinha sido reconduzido no cargo apenas dois meses antes. Rui Lopes Ferreira é o novo presidente executivo.