A derrota de António Costa sabe-lhe a muito!
António Costa foi vítima da sua falta de estratégia política para o País.
António Costa interrompeu a onda vitoriosa do PS nas autárquicas e europeias e não tem a humildade e grandeza de retirar as consequências políticas da sua grande derrota. Para Costa ganhar por poucochinho é pecado e perder as eleições é virtude.
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António Costa interrompeu a onda vitoriosa do PS nas autárquicas e europeias e não tem a humildade e grandeza de retirar as consequências políticas da sua grande derrota. Para Costa ganhar por poucochinho é pecado e perder as eleições é virtude.
Depois de tanta austeridade durante quatro anos, António Costa tinha a obrigação de ganhar as eleições legislativas. E diga-se em abono da verdade que embora sendo o primeiro não é o único responsável por esta monumental derrota. O surpreendente é não ter conseguido atingir nenhum dos objectivos a que se tinha proposto quando se apresentou como candidato a Secretário-geral: unir o PS; e ter uma maioria absoluta nas legislativas,
António Costa foi vítima da sua própria estratégia. Começou por chegar à liderança do PS da forma que todos conhecemos numa total ausência de solidariedade para com quem liderava o PS. Propagava, exigia, a unidade do PS e sectariamente afastou das listas os críticos e os deputados que apoiaram António José Seguro, aliás dos 23 deputados só 2 foram candidatos. A renovação das listas foi apenas nos “seguristas”.
E sobretudo foi vítima da sua falta de estratégia política para o País. Faltaram propostas estratégicas, credíveis, realizáveis aos olhos do cidadão comum. Os portugueses precisam de esperança e sonho mas porque têm os pés bem assentes na terra não acreditaram nas propostas de Costa. Não é possível dar tudo a todos. E estas eleições demonstraram que por mais descontentes que estejam e por mais dificuldades que tenham sabem responsavelmente escolher quem pretendem que governe o País.
A equipe económica que assessorou Costa, pelos vistos, não o avisou que um cenário macroeconómico é isso mesmo, um cenário, e este é e será o que são os seus pressupostos. O que foi apresentado não passa de um exercício académico e os pressupostos para projecções económicas a 4 anos, na evidente incerteza europeia, na dificuldade de financiamento das dívidas soberanas, na falta de sustentabilidade das finanças públicas portuguesas, (continuamos com défices orçamentais), na ausência da abordagem ao défice externo, deveriam ser elementos importantes ao reflectir as propostas do PS, que os modelos matemáticos académicos com ou sem rigor não conseguem quantificar.
A Coligação fala em corte de pensões e reformas de 600 milhões e o PS contrapropõe a redução das receitas em 4 anos de 1.000 milhões! Propostas destas são imediatamente descredibilizadas pelos portugueses e foram-no desde logo pelos partidos da esquerda do PS, BE e PCP e também pelas centrais sindicais. Existem técnica e politicamente outras formas mais adequadas de aumentar o rendimento disponível. E a Segurança Social precisa de uma verdadeira reforma estrutural para a qual o PS tem responsavelmente de contribuir na procura de soluções sustentáveis.
António Costa foi vítima da sua própria estratégia política: partiu do pressuposto de que quem fosse secretário-geral do PS no momento das eleições legislativas “contra ventos e marés” seria sempre Primeiro-ministro; privilegiou erradamente a conquista do voto à esquerda do PS em detrimento do voto ao centro, esquecendo que um voto a mais à esquerda soma apenas um, enquanto um voto ao centro representa dois, um a mais no PS e um a menos no PSD/CDS. A grande preocupação do PS deveria ter sido o combate à direita; e desvalorizou a divisão que ele próprio provocou no PS.
António Costa falhou. A política precisa de ser dignificada. O País precisa de estabilidade e compromissos. O PS sempre foi um Partido responsável. A atitude digna de António Costa porque falhou em toda a linha, em nome do passado e da sua própria coerência, teria de imediatamente demitir-se permitindo ao PS encontrar um novo rumo e se outra avaliação política tem, que se recandidate. António Costa não é a solução ele foi e é o verdadeiro problema!
As eleições presidenciais estão aí, exige-se a imediata realização de um Congresso e a eleição de um novo Secretário-Geral. Um Congresso de escolha de protagonistas e de orientação política e no qual se aprove o apoio a uma candidatura presidencial. Um Congresso que eleja Órgãos partidários que funcionem e também respeitem os estatutos do partido.
Resistir e não devolver o mandato aos militantes socialistas para que se pronunciem é mais uma das suas muitas “golpadas”.
Economista, ex-deputado do PS