Câmara de Lisboa diz que projecto para o eixo central “não é irreversível”
Estacionamento no centro das preocupações dos moradores da área entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno.
O plenário, que se realizou ao final da tarde de terça-feira no auditório da Escola Secundária Dona Filipa de Lencastre, foi convocado pelas associações de moradores das Avenidas Novas e da Praça de Entrecampos e prolongou-se por cerca de três horas. Ao contrário do que tinha acontecido numa outra assembleia realizada no final de Setembro, desta vez o município não só se fez representar como ocupou os primeiros 45 minutos da sessão a apresentar o projecto que quer concretizar na área entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno.
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O plenário, que se realizou ao final da tarde de terça-feira no auditório da Escola Secundária Dona Filipa de Lencastre, foi convocado pelas associações de moradores das Avenidas Novas e da Praça de Entrecampos e prolongou-se por cerca de três horas. Ao contrário do que tinha acontecido numa outra assembleia realizada no final de Setembro, desta vez o município não só se fez representar como ocupou os primeiros 45 minutos da sessão a apresentar o projecto que quer concretizar na área entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno.
“É importante que se discutam os projectos para que sejam conhecidos. Temos feito um esforço para que sejam conhecidos”, começou por dizer o vereador do Urbanismo, que aproveitou para fazer um anúncio: no dia 26 de Outubro, a Assembleia Municipal de Lisboa vai promover “um grande debate público sobre este projecto”.
Ainda em jeito de resposta às críticas que lhe têm sido feitas por moradores e pelo vereador do CDS na Câmara de Lisboa sobre a alegada falta de debate sobre o futuro do eixo central, Manuel Salgado sublinhou que “esta proposta não é irreversível”. “Se a maioria das pessoas entender que esta não é a solução que interessa à cidade”, garantiu, “o projecto terá os ajustamentos que forem necessários”.
Quanto àquela que se verificou ser uma das principais preocupações dos moradores presentes no plenário (e que deu azo a várias intervenções acaloradas), o vereador admitiu que o estacionamento “é um problema de fundo, que não pode ser escamoteado”. Aos presentes, Manuel Salgado repetiu as contas que tinha já feito na reunião pública da câmara em que o assunto foi discutido: segundo diz, são 300 os lugares à superfície que vão ser suprimidos.
Para “compensar” essa perda de lugares, o autarca eleito pelo PS fez saber que a câmara “está a negociar com os proprietários” dos parques de estacionamento público existentes na área, para que estes disponibilizem aos residentes “avenças que sejam compatíveis”. “Estou convicto de que vamos chegar a bons resultados”, concluiu.
A convicção demonstrada por Manuel Salgado não se revelou, no entanto, suficiente para tranquilizar alguns dos participantes neste plenário. “Isso tem que ser feito antes de nos cortarem os lugares”, defendeu, por exemplo, Helena Figueiredo, enquanto Cristina Rocheta lembrou que ainda hoje os moradores estão à espera de poder beneficiar de avenças que tinham sido prometidas pelo município para um outro parque de estacionamento, na Rua Alves Redol.
Presente na assembleia esteve também o vereador do CDS, que notou que os preços hoje praticados nos parques nas imediações do eixo central se aproximam nalguns casos dos 100 euros, havendo mesmo situações em que ultrapassam esse montante. Um valor que João Gonçalves Pereira colocou em contraste com os 12 euros que cada morador paga por ano para ter um dístico de estacionamento da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa no seu automóvel.
O vereador centrista manifestou ainda preocupação com a forma como vão ser feitas as cargas e descargas na zona, atendendo à supressão prevista de uma das duas faixas laterais da Avenida da República. De Manuel Salgado, que disse ser “falsa” a versão de João Gonçalves Pereira de que são 604 os lugares que vão ser suprimidos e não 300, ouviu a garantia de que “serão reservados espaços” para esse fim.
Neste plenário, dominado pelas questões em torno do estacionamento, houve também várias vozes em defesa do projecto da Câmara de Lisboa. Uma delas foi a de Ricardo Ferreira, que defendeu que a cidade será melhor se se promoverem transformações que a deixem “mais virada para as pessoas do que para os automóveis”. Mais longe foi Filipe Beja, que defendeu que os lugares de estacionamento que vão ser suprimidos não devem ser recuperados, devendo antes aproveitar-se para “dar prioridade ao peão e à bicicleta”.
Também esta terça-feira, o presidente do Automóvel Club de Portugal defendeu, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o vereador do CDS, a realização de um referendo sobre o projecto da Câmara de Lisboa para o eixo central.
"Como isto vai prejudicar todos os lisboetas, isto não vai prejudicar só os moradores daquela zona, pendo que deveria ser feito um referendo aos cidadãos em Lisboa para perguntar se querem, efectivamente, que haja mais uma mexida no eixo central", disse Carlos Barbosa, citado pela Lusa.