Sondagem sobre presidenciais: Marcelo perto da eleição à primeira volta
Os candidatos de direita recolhem perto de 65% das intenções de voto. Os da esquerda não chegam aos 30%.
Os restantes candidatos surgem a larga distância. Maria de Belém é a preferida, à esquerda, com 17%. A seguir surge Rui Rio, da mesma área política de Marcelo, com 15,1%. No fim da tabela estão os únicos candidatos assumidos: Sampaio da Nóvoa recolhe 10,1% das preferências; enquanto Henrique Neto se fica pelos 1,4%. A possibilidade de votar em “outro” candidato só é admitida por 1,1% dos inquiridos. Há 24,5% de indecisos.
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Os restantes candidatos surgem a larga distância. Maria de Belém é a preferida, à esquerda, com 17%. A seguir surge Rui Rio, da mesma área política de Marcelo, com 15,1%. No fim da tabela estão os únicos candidatos assumidos: Sampaio da Nóvoa recolhe 10,1% das preferências; enquanto Henrique Neto se fica pelos 1,4%. A possibilidade de votar em “outro” candidato só é admitida por 1,1% dos inquiridos. Há 24,5% de indecisos.
Marcelo bate os adversários em todos os grupos de eleitores. É o preferido das mulheres e dos homens. Conquista uma vantagem significativa entre os jovens (18-34 anos), embora vença em todos os restantes grupos etários. Por regiões, o seu apoio é largamente maioritário no Centro, mas também no Norte e Algarve, obtendo os resultados mais baixos em Lisboa e no Alentejo.
Os candidatos da esquerda têm um problema com o eleitorado jovem. Quer Maria de Belém, quer Sampaio da Nóvoa ficam muito abaixo dos 10% nos eleitores entre os 18 e os 34 anos.
Rui Rio obtém o seu melhor resultado no Norte, o pior na região de Lisboa, e também revela pouca capacidade de atracção no eleitorado jovem.
A amostra desta sondagem é constituída por 1013 entrevistas. A informação foi recolhida através de entrevista directa e pessoal, utilizando a técnica de simulação de voto em urna. A taxa de resposta obtida neste estudo foi de 60,2%. O erro máximo de amostragem, para um intervalo de confiança de 95%, é de 3,1%. Os trabalhos de campo decorreram entre 23 e 30 de Setembro de 2015.
Marcelo bem pode dizer, como disse no programa de humor Isso é tudo muito bonito, mas, da TVI, que vai “pensar duas vezes” na possibilidade de se apresentar a jogo. Cada vez mais isso parece uma certeza. Como ele tanto gosta, o caminho está cheio de bifurcações. A legislatura que vai começar, sem uma maioria absoluta, dá-lhe margem para fazer uma campanha ao centro. E dar-lhe-á, caso seja eleito, poder real para arbitrar o jogo num Parlamento que pode ficar bloqueado em momentos decisivos.
Rui Rio tem, com esta sondagem, um revés importante: fica a larga distância do seu rival. E ouvirá, dos apoiantes de Marcelo, que a sua eventual candidatura é o único entrave a uma vitória clara à primeira volta que permitirá a PSD e CDS reeditarem o sonho de “um Governo e um Presidente”, agora que a maioria parlamentar se perdeu.
Esta sondagem surge num momento de particular indefinição política, resultado das legislativas de ontem. Se do lado do centro-direita as coisas parecem claras, com a vitória nas eleições e uma candidatura, de Marcelo, que se impõe na sondagem, já à esquerda tudo parece estar em aberto.
O principal prejudicado com este cenário é Sampaio da Nóvoa, cuja candidatura terá de percorrer mais algum caminho sem garantia de vir a obter o apoio oficial do PS. Esse apoio parece hoje mais difícil. António Costa mantém-se, para já, na liderança do PS, mas a sua margem de manobra para definir a estratégia presidencial é muito mais reduzida.
Isso pode significar mais um impasse para a máquina de Nóvoa, que demora a implantar-se, e é também uma má notícia no que diz respeito ao financiamento e à logística da candidatura, que contaria com as estruturas locais do PS para vencer duas lacunas do candidato: a escassa notoriedade nacional e alguma indefinição quanto ao seu posicionamento político. O apoio do PS ajudaria a “focar” a imagem de Nóvoa.
Por outro lado, Nóvoa parte com o apoio de três ex-Presidentes eleitos: Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. E o próprio candidato já afirmou que pretende erguer a sua candidatura a partir de núcleos de apoiantes locais que se organizam para fazer a campanha. O tempo escasseia. Faltam três meses para a campanha e essa dinâmica espontânea não tem resultado da maneira que Nóvoa idealizou.
Já o PS pode dividir-se, nos próximos dias, sobre a avaliação política da derrota nas legislativas e a oposição interna a Nóvoa — que conta com apoios importantes no círculo de Costa — pode ganhar expressão. E não só dos sectores mais próximos do anterior secretário-geral, António José Seguro. Dirigentes afectos a Costa, como Vera Jardim e Sérgio Sousa Pinto, já declararam apoio a Maria de Belém Roseira.
Com isto, a possibilidade de uma candidatura da ex-presidente do PS ganha algum peso. Até porque surge, neste estudo de opinião, como a hipótese preferida na área do centro-esquerda. Ainda que muito longe, por estes números, de captar uma parte significativa do eleitorado que costuma votar PS.
Já há algum tempo que se ouvem vozes no PS a defender que uma nova candidatura se devia apresentar.