Esboço de coisas para o António dizer
Assume as responsabilidades (assim à machão, como se isso quisesse dizer alguma coisa) e faz as saudações do costume a quem ganhou (aí podes sorrir menos e só mostrar os caninos que ninguém leva a mal) e diz umas coisas sobre a baixa da abstenção e a vitalidade da democracia que é sempre bonito
Sorri, sorri muito, sorri sempre... Não fazemos ideia do que raio aconteceu, como é que perdemos isto, porque não veio a nova claridade (o poder, para os profanos) mas continua a sorrir. Já tínhamos o Altis cheio com os vampiros do costume e por uma vez as sondagens acertaram... não digas que o povão se enganou que parece mal, que não é de esquerda e (ainda na oposição) continuamos a ser de esquerda, muito de esquerda, agora mais do que sempre, que se lixe o centro, chama-lhes camaradas que cai bem num momento destes!
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Sorri, sorri muito, sorri sempre... Não fazemos ideia do que raio aconteceu, como é que perdemos isto, porque não veio a nova claridade (o poder, para os profanos) mas continua a sorrir. Já tínhamos o Altis cheio com os vampiros do costume e por uma vez as sondagens acertaram... não digas que o povão se enganou que parece mal, que não é de esquerda e (ainda na oposição) continuamos a ser de esquerda, muito de esquerda, agora mais do que sempre, que se lixe o centro, chama-lhes camaradas que cai bem num momento destes!
Assume as responsabilidades (assim à machão, como se isso quisesse dizer alguma coisa) e faz as saudações do costume a quem ganhou (aí podes sorrir menos e só mostrar os caninos que ninguém leva a mal) e diz umas coisas sobre a baixa da abstenção e a vitalidade da democracia que é sempre bonito. Aproveita o 5 de Outubro e larga umas sobre a República (assim à francesa: Liberdade, Igualdade e coiso e tal) que ainda cai melhor.
O quê António?! Pensavas que o caminho da virtude era forrado a rosas, pois deixa-te disso meu garoto... se te sobrar a lata, eventualmente, saca uma à Cunhal e diz que isto não foi bem uma derrota mas sim uma muito singular espécie de vitória... que depois de quatro anos com a direita a mastigar o Zé Povinho, a esquerda ter-lhes (se calhar) tirado a maioria absoluta é um resultado mais ou menos apresentável.
E, especialmente, não te preocupes com o facto da Edite Estrela (essa eterna sobrevivente) já só se sentar na quarta fila... não temas já os punhais, os notáveis não te vão despachar já hoje, no vestíbulo do Altis, não já, sem saberem exactamente a quem tocam as cadeiras de São Bento, não com o Aníbal tão esclerosado que a esta hora ainda lhe está a Maria a explicar o que são umas legislativas. Não penses no TóZé e no poucachinho, não já.
Também não merece a pena pensares na genuína admiração do Pedro e do Paulo, nas bocas abertas e espantadas do Caldas a São Caetano à Lapa. O termos perdido isto não é culpa nossa de certeza... das burricadas da campanha eleitoral (os chineses, os cartazes, as jantaradas do 44, o segundo debate), do programa do professor Centeno (à esquerda do governo por uma unha negra), dos teus momentos de animal feroz em parques de estacionamento, do facto de teres escolhido ir pelo centro sem atrair uma velhinha reacionária que fosse (que foi votar no Marinho Pinto) enquanto fazias a ala esquerda do P.S. (os que ainda têm a gaveta aberta) engordar o Bloco de Esquerda, não foi isso de certeza António, não te preocupes.
E agora que abrimos as portas ao tormento, deixa lá que o Santos Silva há de encontrar uma explicação sociológico-científica para isto tudo, e se não, sobra sempre a Helena Roseta para culpar a dispersão da esquerda e o P.C. (sim, nada de culpar o Bloco não vão eles ser precisos mais à frente). Já estou como a Vanessa: deu-se-lhes foi o Síndrome de Estocolmo... tua António, é que a culpa não foi de certeza, sorri, não te esqueças de sorrir, que não é como que tenhas entregue o ouro aos bandidos.