Alemanha prevê entrada de 1,5 milhões de refugiados até ao final do ano

Relatório oficial avança novo número. Pressionada a fechar as fronteiras e a criar quotas, Merkel diz que é preciso lidar com a realidade.

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Angela Merkel é a líder da maior economia da União Europeia ROBERTO SCHMIDT/AFP

"Não faz sentido ficarmos zangados por termos este problema... ou dizer ‘de onde é que isto vem? Quero que o problema desapareça’", disse Merkel no domingo, numa entrevista à rádio Deutschlandfunk. "Temos que aceitar, temos que controlar e ao mesmo dar resposta às fragilidades".

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"Não faz sentido ficarmos zangados por termos este problema... ou dizer ‘de onde é que isto vem? Quero que o problema desapareça’", disse Merkel no domingo, numa entrevista à rádio Deutschlandfunk. "Temos que aceitar, temos que controlar e ao mesmo dar resposta às fragilidades".

A Alemanha é o país de destino da maior parte da massa de refugiados que já chegou e continua a chegar à Europa. De acordo com o Bild, o relatório oficial diz que 900 mil pessoas estão em trânsito em direcção ao país, devendo entrar no território alemão até ao final de Dezembro. É um aumento muito substancial em relação aos 800 mil previstos.

O porta-voz do Governo alemão, no entanto, negou qualquer conhecimento deste documento. "Ninguém o conhece. Por esse motivo, não lhe daria muito crédito", disse Georg Streiter, citado pela Deutsche Welle.

Segundo o Bild, o documento que teria em sua posse alerta para os problemas que este novo número criam, falando da possibilidade de haver um colapso no abastecimentos de bens e na dificuldade que as autoridades regionais e municipais vão ter para registar, acomodar e manter os recém-chegados.

Lembra também que devido à estrutura familiar nos países de origem (são sobretudo sírios), a concessão de direito de asilo terá um impacte futuro, uma vez que cada refugiado a quem esse direito for dado poderá trazer entre quatro a oito pessoas.

O documento concluía que esta pressão migratória não vai parar: "A pressão vai aumentar ainda mais. No último trimestre do ano esperamos ver entre sete e dez mil passagens ilegais da fronteira por dia".

No mesmo dia em que Merkel assumia o compromisso de receber os refugiados, o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, defendia que a Europa tem que encontrar formas de limitar o número de chegadas.

Mais directo, o partido Cristão Social da Baviera (CSU), a formação regional "irmã" dos Cristãos Democratas de Merkel, exigiu que o Governo de Berlim trave a entrada de pessoas. O ministro das Finanças da Baviera, Markus Soeder, pediu que seja imposto um limite a esta imigração e que seja definida uma quota que estabeleça quantos pedidos de asilo podem ser recebidos. A Baviera é a zona de entrada dos refugiados que chegam vindos da Áustria. "A nossa capacidade já atingiu o limite", disse a líder da CSU na câmara baixa do Parlamento de Berlim.

Mas Merkel  a líder da maior economia da Europa, que está nesta segunda-feira na Índia numa visita para fortalecer laços económicos com a potência asiática  foi clara na entrevista de domingo: "Não acredito em vedações. Já o vimos na Hungria: os refugiados chegam na mesma, encontram outras formas de entrar".