Em equilíbrio precário
Bloco de Esquerda e PaF são os vencedores destas legislativas e, porque a vitória se diluiu em campos opostos, o cenário é inevitavelmente de crise. A partir de hoje, a discussão política declina-se em duas frentes: a constituição do Governo e a definição dos candidatos à Presidência da República. Os resultados de ontem baralharam tudo.
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Bloco de Esquerda e PaF são os vencedores destas legislativas e, porque a vitória se diluiu em campos opostos, o cenário é inevitavelmente de crise. A partir de hoje, a discussão política declina-se em duas frentes: a constituição do Governo e a definição dos candidatos à Presidência da República. Os resultados de ontem baralharam tudo.
Catarina Martins protagonizou o mais corajoso discurso da noite eleitoral, condicionando as opções de Cavaco Silva. Na Assembleia da República, será ela um dos principais polos de decisão política. A intervenção de Jerónimo de Sousa foi uma espécie de eco do Bloco de Esquerda. Inverteu-se a liderança mais à esquerda.
No PS, o anúncio dos resultados eleitorais originou um ambiente fúnebre no Altis. Ainda assim, António Costa esforçou-se por manter a sua liderança firme num discurso com vias abertas para improváveis alianças, mas sobretudo centrado no papel de oposição à ação governativa.
À direita, os resultados provocaram euforia, mas a vitória é insuficiente para garantir estabilidade. Ainda que o Presidente da República considere legítimo chamar Passos Coelho para formar Governo, esse executivo não deve durar uma legislatura. A estabilidade estará sempre em equilíbrio precário.
Quem sentiu estes resultados algo amargos foram alguns (putativos) candidatos à Presidência da República. Marcelo Rebelo de Sousa vê agora em Rui Rio um cada vez mais provável companheiro de corrida e Sampaio da Nóvoa poderá ser colocado fora da pista do PS. Tempos de crise para a política portuguesa.