Dez portugueses vão processar a Volkswagen pela desvalorização das acções

Escritório de advogados de Lisboa que representa um grupo de investidores tem parceria com congénere alemã para apresentação de acção conjunta.

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A revelação de que a marca alemã manipulou os resultados dos testes às emissões de vários motores diesel gerou uma forte desvalorização das acções em bolsa. Na primeira sessão após o escândalo os títulos caíram cerca de 20%, passando de 162,4 euros para 132,2 euros. A desvalorização foi-se agravando, valendo esta sexta-feira 91,75 euros, 45% abaixo do valor de há duas semanas.<_o3a_p>

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A revelação de que a marca alemã manipulou os resultados dos testes às emissões de vários motores diesel gerou uma forte desvalorização das acções em bolsa. Na primeira sessão após o escândalo os títulos caíram cerca de 20%, passando de 162,4 euros para 132,2 euros. A desvalorização foi-se agravando, valendo esta sexta-feira 91,75 euros, 45% abaixo do valor de há duas semanas.<_o3a_p>

O grupo de investidores portugueses está a ser representado pela sociedade de advogados Luís Rodrigues da Silva & Associados, que tem uma parceria com a congénere alemã TILP - Rechtsanwaltsgesellschaft mbH, e que está a preparar uma acção conjunta contra a VW.<_o3a_p>

Em declarações ao PÚBLICO, Luís Rodrigues da Silva explicou que "a apresentação de uma acção conjunta tem a vantagem de reduzir os custos do processo para todos os intervenientes no processo”. O advogado destaca ainda que “a sociedade alemã, com quem partilha outros processos, especializou-se neste tipo de casos relacionados com o mercado financeiro, o que dá mais garantias aos clientes”.<_o3a_p>

Com a acção, os investidores pretendem ser indemnizados dos danos sofridos na sequência das práticas ilegais levadas a cabo pelo grupo VW, que afectam mais de 11 milhões de veículos em todo o mundo e motivaram a abertura de investigações por parte de várias entidades internacionais, incorrendo em multas elevadas. No universo de clientes nacionais, há quem já tenha vendido as suas acções e, portanto, a perda face à cotação anterior está quantificada. Mas há também outros que mantêm os seus títulos.<_o3a_p>

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Numa primeira fase, explica Luís Rodrigues da Silva, as acções são movidas contra a VW, mas é muito possível que sejam chamados aos processos os gestores do fabricante de automóveis relacionados com o caso.<_o3a_p>

O escritório do jurista está associado ao do alemãõ TILP em outros processos relacionados com perdas sofridas pelos accionistas na sequência de actos de gestão. Um dos casos mais recentes, ainda em curso, está relacionado com a forte desvalorização da gigante asiática Toshiba, envolvida num escândalo de manipulação de contas ao longo de quase sete anos.<_o3a_p>

Outro episódio, ainda sem conclusão, está relacionado com a desvalorização das acções do Banca Monte dei Paschi di Sena, na sequência de manipulação de contas através de operações de derivados realizada com o banco japonês Nomura, que foi denominado de operação “Alexandria”.<_o3a_p>

Contactada pelo PÚBLICO, o director de um banco de investimentos, que pediu para não ser identificado, manifestou reservas quanto ao sucesso deste tipo de processos judiciais. Lembra que o investimento em acções tem um risco associado e que, depois de comparar as acções, o investidor se tornou dono de uma pequena parte da empresa. Contudo, reconhece que, tratando-se de pequenos investidores, a situação é um pouco diferente. <_o3a_p>

Ainda quanto ao risco argumenta que, se em vez de uma fraude, a empresa tivesse descoberto um sistema revolucionário para a indústria automóvel as acções teriam disparado. Neste caso, os accionistas não iam prescindir do ganho com o argumento de que não tinham essa informação quando compraram os títulos. Em termos teóricos, lembra ainda que se todos os accionistas forem processar a empresa de que são donos ela vai mesmo à falência. Mas admite que poderá haver legitimidade, perante a existência de fraude, de processar os gestores responsáveis, como está a acontecer na antiga Portugal Telecom.<_o3a_p>