Presidente do Congresso brasileiro acusado de lavagem de dinheiro pela Suíça

Também já decorre uma investigação no Brasil, onde é acusado de ter recebido cinco milhões de dólares de subornos.

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Eduardo Cunha não se demitiu mas passou à oposição "a título pessoal" Miguel SCHINCARIOL/AFP

O anúncio foi feito um mês após a Justiça brasileira ter formalizado uma investigação a Eduardo Cunha, suspeito de ter beneficiado dos subornos pagos na mega rede de corrupção à volta da petrolífera nacional.

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O anúncio foi feito um mês após a Justiça brasileira ter formalizado uma investigação a Eduardo Cunha, suspeito de ter beneficiado dos subornos pagos na mega rede de corrupção à volta da petrolífera nacional.

A investigação, que já atingiu politicamente Dilma Roussef, que continua a perder popularidade, e já chamusca o ex-Presidente Lula da Silva revelou que empresas de construção brasileiras pagavam a directores, deputados e políticos para obterem os contratos, que dividiam entre si, e também inflaccionavam o preço dos seus serviços, o que aumentou as perdas da Petrobras. A Presidente Rousseff presidiu ao conselho de administração da Petrobras entre 2006 e 2010.

Cunha é membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB, esquerda), parceiro do Partido dos Trabalhadores na coligação no poder, mas tem sido um adversário da Presidente Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, como presidente da Câmara de Deputados, tem mandado arquivar os inúmeros pedidos de processo de destituição contra a impopular chefe de Estado. Cunha tornou-se assim um dos principais actores na profunda crise política que o Brasil atravessa, ao mesmo tempo que entrou em recessão económica.

Mal a Justiça brasileira abriu a investigação contra si, Eduardo Cunha anunciou que não se demitia mas que passava à oposição, "a título pessoal".

A investigação na Suíça foi aberta em Abril, quando as contas bancárias de Cunha e da sua família foram bloqueadas. O presidente da Câmara de Deputados é suspeito de ter recebido dinheiro em troca de transmitir informações privilegiadas na venda, à Petrobras, de um campo petrolífero no Benin.

"As informações enviadas pelo Ministério Público suíço são feitas no nome do sr. Cunha e da sua família", divulgou a Justiça brasileira, em comunicado. "As investigações começaram lá em Abril deste ano e os activos foram bloqueados".

Parte das suspeitas das autoridades suíças - diz o jornal O Globo  - foram confirmadas pelo lobista João Augusto Henriques (ligado ao PMDB, é um dos arguidos na Lava Jato que está a colaborar com as autoridades). Num depoimento à polícia, na sexta-feira passada, disse ter feito um depósito numa conta que, mais tarde, descobriu pertencer a Eduardo Cunha. O depósito, acrescentou, destinava-se a pagar as informações recebidas sobre o campo petrolífero.

Os jornais brasileiros dizem que Cunha não pode ser extraditado para a Suíça, para ser ali julgado, pelo que este país optou por colaborar com o Brasil na investigação judicial contra o presidente da Câmara de Deputados. No Brasil, Cunha é acusado de ter recebido cinco milhões de dólares por um contrato para a construção de navios sonda, entre 2006 e 2012.