Quercus quer que Europa avance com investigação a todos os veículos no mercado
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em comunicado, nesta terça-feira, a associação ambientalista considera que a UE deve iniciar uma investigação alargada sobre todos os novos veículos colocados no mercado, para identificar eventuais fraudes, exigir a retirada dos modelos fraudulentos e a compensação dos consumidores.
A Quercus sublinha que a "indústria automóvel deve concentrar-se na produção de veículos mais eficientes e com menores emissões poluentes na estrada, em vez de desenvolver mecanismos para contornar regras ambientais e enganar os consumidores, com prejuízo para o ambiente e para a saúde pública"
A associação refere que há um novo sistema de testes em discussão, a nível europeu, para atestar as emissões dos veículos a gasóleo em condições reais de condução, mas não será aplicável a todos os veículos antes de 2018.
No entender da Quercus, os fabricantes de automóveis "continuam a atrasar a introdução do novo teste de emissão e a adopção de novos limites de emissão para os veículos".
Os ambientalistas lembram também no comunicado que a situação não é nova, salientando que as associações de defesa do ambiente "têm alertado, nos últimos anos, as entidades competentes sobre a manipulação dos testes de emissão pelos fabricantes automóveis, quer nas emissões de CO2 (e consumo de combustível), quer de outros poluentes (como óxidos de azoto e partículas, com maior impacto na poluição das cidades)".
A Quercus adianta que na semana passada, a T&E - Federação Europeia para os Transportes e Ambiente, da qual a Quercus faz parte, tinha alertado que apenas um em cada dez novos veículos a gasóleo cumpre as normas de emissão EURO 6, em vigor desde 1 de Setembro passado.
A Agência de Protecção do Meio Ambiente dos Estados Unidos acusou a 18 de Setembro a Volkswagen de falsear o desempenho dos motores em termos de emissões de gases poluentes através de um software incorporado no veículo, incorrendo numa multa que pode ir até aos 18 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros).
Dois dias depois, a Volkswagen reconheceu ter falseado os dados.
Na semana seguinte, o presidente executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, pediu a demissão e, na sexta-feira passada a empresa anunciou a nomeação de Matthias Mueller, actual presidente da Porsche, como novo presidente executivo do grupo.
Entretanto, a Audi, a Skoda e Seat já admitiram ter veículos em todo o mundo equipados com o software. As autoridades suíças e espanholas anunciaram que proibiram temporariamente a venda de novos carros do grupo Volkswagen a gasóleo.
Em Portugal, o ministro da Economia, António Pires de Lima, afirmou na semana passada que os automóveis da Volkswagen produzidos na fábrica da Autoeuropa "não tiveram incorporação" do kit que falseou o desempenho dos motores relativamente às emissões poluentes.