ONU vai ter mais capacetes azuis para missões de paz mais interventivas

EUA convencem europeus a aumentar participação nas operações da ONU. Índia insiste que capacetes azuis devem ser imparciais

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Bangladesh, Etiópia, Índia, Paquistão e Ruanda são os maiores contribuintes de capacetes azuis Beawiharta /Reuters

Washington adianta que a resposta foi tal que a fasquia de dez mil novos capacetes azuis que tinha fixado será “significativamente superada”: E o grande responsável por este aumento pode bem ser é a China: o Presidente Xi Jinping aproveitou o seu discurso na Assembleia-Geral para anunciar a contribuição futura de 8000 soldados para o contingente de manutenção de paz da ONU.

Os europeus representavam mais de um terço dos 50 dirigentes convidados para a reunião que se realiza nesta segunda-feira à margem da Assembleia-Geral e era deles que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Presidente norte-americano, Barack Obama, esperavam uma resposta mais decisiva.

Em Março, Samantha Power, a embaixadora americana na ONU, foi a Bruxelas lamentar que os países europeus se tenham afastado das missões de paz – há duas décadas contribuíam com 40% dos efectivos, mas depois das experiências traumatizantes do Ruanda e da Bósnia a sua participação diminui para pouco mais de 7%, numa altura em que só em África há nove grandes missões e a ameaça jihadista se estende da Somália ao Mali.

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Washington adianta que a resposta foi tal que a fasquia de dez mil novos capacetes azuis que tinha fixado será “significativamente superada”: E o grande responsável por este aumento pode bem ser é a China: o Presidente Xi Jinping aproveitou o seu discurso na Assembleia-Geral para anunciar a contribuição futura de 8000 soldados para o contingente de manutenção de paz da ONU.

Os europeus representavam mais de um terço dos 50 dirigentes convidados para a reunião que se realiza nesta segunda-feira à margem da Assembleia-Geral e era deles que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Presidente norte-americano, Barack Obama, esperavam uma resposta mais decisiva.

Em Março, Samantha Power, a embaixadora americana na ONU, foi a Bruxelas lamentar que os países europeus se tenham afastado das missões de paz – há duas décadas contribuíam com 40% dos efectivos, mas depois das experiências traumatizantes do Ruanda e da Bósnia a sua participação diminui para pouco mais de 7%, numa altura em que só em África há nove grandes missões e a ameaça jihadista se estende da Somália ao Mali.

A Reuters adiantou que 20 países europeus se comprometeram a aumentar a sua participação e, antecipando-se à reunião, o Governo britânico revelou que vai enviar 70 militares para a Somália e outros 300 para o Sul do Sudão. Mais do que efectivos, os EUA esperam dos aliados contribuições em áreas como a logística, a engenharia, ou o treino de combate, com o envio de unidades que “são pequenas em número mas têm um enorme impacto” na capacidade de actuação das missões, adiantou uma fonte da Administração Obama.

Bangladesh, Etiópia, Índia, Paquistão e Ruanda são os maiores contribuintes em efectivos para uma operação que conta com 120 mil capacetes azuis, dispersos por 16 missões e com um orçamento anual de oito mil milhões de euros. Números que, no entanto, escondem limitações – de gente e meios, mas também de preparação –, às quais se juntam nalguns cenários descoordenação, denúncias de abusos e violações.

Os EUA dizem que os reforços vão permitir uma melhor gestão de recursos – “se um contingente cometer abusos ou não estiver a cumprir o seu mandato pode ser repatriado e substituído”, disse à Reuters uma fonte da Administração americana. Mas acredita também que permitirá às missões da ONU ter intervenção mais rápida e robusta perante o surgimento ou agravamento de crises. Mas alguns países, com a Índia à cabeça, rejeitam passar do actual modelo de manutenção de paz, em que os capacetes azuis são chamados a intervir apenas em defesa dos civis, para um cenário em que tenham de combater um grupo armado ou exército. “Os capacetes azuis são imparciais. Não é suposto tomarem partido. Se alguém quer que os soldados entrem em combate então é melhor contratarem mercenários”, disse o embaixador indiano, Asoke Kumar Mukerji ao jornal britânico Guardian.

A Reuters adianta, por seu lado, que alguns diplomatas europeus admitem em privado o seu desagrado com a pressão americana para reforçarem os seus contingentes quando os EUA têm apenas 82 militares no terreno, embora financie quase um terço do orçamento das missões de manutenção de paz.