Passos pede uma maioria absoluta mas sem o assumir
Portas alertou para o risco de uma “maioria negativa” de PS, PCP e BE.
“Depois de António Costa dizer que chumba o Orçamento do Estado, nada o impede de dizer que chumbará o programa de Governo. Lamento dizer mas nestas condições só há uma forma de o país se livrar da crise política: é conferir a esta coligação uma maioria no Parlamento”, afirmou esta noite Passos Coelho no jantar-comício em Santa Maria da Feira, Aveiro.
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“Depois de António Costa dizer que chumba o Orçamento do Estado, nada o impede de dizer que chumbará o programa de Governo. Lamento dizer mas nestas condições só há uma forma de o país se livrar da crise política: é conferir a esta coligação uma maioria no Parlamento”, afirmou esta noite Passos Coelho no jantar-comício em Santa Maria da Feira, Aveiro.
Quando muitos já se questionariam sobre o significado deste apelo à maioria, Passos Coelho quis clarificar a sua interpretação, mas não disse a palavra que parece ser ainda tabu. “Discutir-se á que maioria? Porque é que não qualifica a maioria? Deixem-me perguntar: quando os comentadores dizem ‘os partidos da maioria’, a que maioria se referem? Há alguém tem dúvidas sobre o que significa o que é uma maioria no Parlamento?”, interrogou-se. Na Legislatura que está agora a terminar, o PSD e o CDS formam uma maioria absoluta de mandatos na Assembleia da República.
Antes de rematar com o apelo à maioria, o primeiro-ministro tinha falado directamente para o eleitorado desiludido com o Governo. Referiu mesmo os que estiveram na “primeira linha dos sacrifícios”: “os pensionistas, os funcionários públicos, pessoas desempregadas que tinham formado a expectativa de que as coisas podiam ter sido diferentes”. O próprio Passos Coelho assume: “Quem não gostaria que as coisas não fosse diferentes. Que não houvesse bancarrota e aprovar medidas tão difíceis”. E deixou uma mensagem de esperança: “Os que estiveram na primeira linha dos sacrifícios, é justo que possam estar na primeira linha da nossa preocupação. Que possam estar também dos nossos beneficiários da recuperação do nosso país e da nossa economia”.
No pavilhão de exposições, com muitas bandeiras, ecrãs gigantes onde passavam as imagens da sala, a imagem da onda vitoriosa estava criada, deixando as caras da coligação muito sorridentes. Como muitos acreditam que os indecisos podem acabar por votar na força que parece ser a vencedora, Passos Coelho ensaiou discurso para esses eleitores.
“Temos tido cada vez mais pessoas a pensar: o que tem de errado apoiar uma coligação e um governo que afinal deu certo nos resultados. O que não seria natural era apoiar os que tinham trazido a bancarrota”, disse. À medida que a campanha avança, o líder da coligação disse acreditar que se formou “uma nova corrente” dos que “afinal não pensavam sozinhos, que estavam acompanhados pela maioria do país”.
Risco de “maioria negativa”
Sem lugar a interpretações sobre a força que a coligação está a pedir aos eleitores, Portas fez uma divisão entre a “maioria positiva” – a da coligação PSD/CDS que oferece estabilidade – e a a de uma maioria negativa, “um risco”. “O PS, PCP e o BE nunca serão capazes de formar governo estável porque são contraditórios entre si sobre o euro e presença de Portugal na Europa”, advertiu, para logo de seguida alertar para o risco de “Portugal ficar nas mãos de uma maioria negativa, do bota abaixo”.
Mais uma vez, o líder do CDS traçou uma linha entre a coligação e o PS. “Eles radicalizaram-se, nós mantemo-nos ao centro, eles radicalizaram-se nas propostas, nós temos de nos manter na coerência”, afirmou, voltando ao mote que tem estado desde o início da campanha: “Connosco haverá mais confiança no futuro e com eles risco de voltar ao passado”.
No distrito em que Paulo Portas sempre concorreu, o líder do CDS elogiou Luís Montenegro pela competência na liderança parlamentar na bancada do PSD, mas também chamou “carismático” a João Almeida, o vice-presidente centrista a quem passou o testemunho na lista de candidatos a deputados por Aveiro.