Uma campanha alegre
É o caso dos nossos poderes políticos. Supondo a sua sanidade mental. Como arautos de uma “religião”, fomentaram, facilitaram e favoreceram, anos a fio, o “memorando de entendimento”. Bíblia que ora renegam. Um dos mandamentos era o dos constrangimentos nas reformas e salários. A guerra hipotética e hipócrita entre novos e velhos. As coisas e os tempos mudaram. As cabeças sãs dos poderes também. Há muitos velhos que votam. As eleições estão aí à porta. Velhos são sandeus. Esquecidos. As cabeças dos políticos prometem o estatuto do idoso. Para 2016, claro. É preciso apoiar os idosos em 2016. Depois de lhes sacar os votos, os despojar das reformas, os esmifrar de impostos e lhes retirarem a dignidade.
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É o caso dos nossos poderes políticos. Supondo a sua sanidade mental. Como arautos de uma “religião”, fomentaram, facilitaram e favoreceram, anos a fio, o “memorando de entendimento”. Bíblia que ora renegam. Um dos mandamentos era o dos constrangimentos nas reformas e salários. A guerra hipotética e hipócrita entre novos e velhos. As coisas e os tempos mudaram. As cabeças sãs dos poderes também. Há muitos velhos que votam. As eleições estão aí à porta. Velhos são sandeus. Esquecidos. As cabeças dos políticos prometem o estatuto do idoso. Para 2016, claro. É preciso apoiar os idosos em 2016. Depois de lhes sacar os votos, os despojar das reformas, os esmifrar de impostos e lhes retirarem a dignidade.
Falar de eleições é um exercício entediante. Prolongam-se sem princípio nem fim. Enfadonhas. Exercício inútil. Sondagens. Promessas. Manipulações. Ainda não me é indiferente quem as vença. É quase. Na sensação de que vai “dar tudo ao mesmo”. Entusiasmo. È tudo muito pequenino. Esta campanha eleitoral é só “Uma Campanha Alegre”, onde não há ideias, nem projectos. Tudo velho. Gasto. Ou só com novas roupagens. Nem Pessoa descortinaria o que vai na cabeça dos políticos. Eles sabem (?) o que prometem, que não vão cumprir porque não podem, porque não querem e porque não sabem. Discutem quem vence confrontos televisivos, quem mais e melhor organiza jantares com muita gente, quantos milhares ou centenas deambulam pela arruada. Extraem daí quantos neles vão votar. Lugarzinhos no poder político. Há bombos, palhaços e cartazes, que ensurdecem, fazem rir(?), ninguém repara. Está toda a gente farta. É da mensagem! Ninguém acredita nela. As cabeças estão moldadas pelos media.
A comédia eleitoral teve momentos de rara grandeza política! Chamou o ex-primeiro-ministro à lide. Não podia estar ausente. Chamaram-no a terreiro. Estava ele tranquilo e preso em casa. Já nem um preso tem sossego na cela. Referências maldosas que os espíritos menos altos usam para quem está nos degraus debaixo. Coragem! O tema não pegou e logo chegou o silêncio sobre o assunto. Não dá votos.
Ponto alto, questão jurídica intrincada, a de saber se José Sócrates podia votar. A Comissão Nacional de Eleições achava um problema bicudo. Complexo. Isso devia ser com o juiz. Os juízes podem tudo. Reivindicam não a realização da Justiça, mas o exercício de um poder elitista que não têm.
Os media viram na temática mais uma fonte de receita. Dias e dias a encher páginas e páginas sobre como vai votar José Sócrates. Próprio do Portugal de hoje. País pequenino que só discute o pequenino.
A democracia tem defeitos e muitas virtudes. Preso goza dos seus direitos políticos, não os perde, nem precisa de autorização de ninguém para os exercer. Nem de juiz, por mais poderoso que seja. Como preso precisa de comunicar que vai exercer o seu direito de voto, diz a Constituição da República e diz a lei.
Assim segue a campanha eleitoral.
Procurador-Geral Adjunto