A Guerra na Síria obrigou a abrir o cofre-forte de sementes do Árctico

Pela primeira vez, o abrigo em Svalbard, na Noruega, onde são guardadas amostras de todo o mundo, teve um pedido de sementes. Este contentor gelado foi pensado para resistir a cenários de catástrofes.

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O banco genético de sementes em Alepo continua a funcionar George Ourfalian/Reuters

As sementes, que incluem amostras de trigo, de cevada e gramíneas, adaptadas ao cultivo em regiões secas, foram pedidas por investigadores no Médio Oriente para substituir sementes do banco genético que existia perto da cidade síria de Alepo, devastada pela guerra que dura desde 2011.

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As sementes, que incluem amostras de trigo, de cevada e gramíneas, adaptadas ao cultivo em regiões secas, foram pedidas por investigadores no Médio Oriente para substituir sementes do banco genético que existia perto da cidade síria de Alepo, devastada pela guerra que dura desde 2011.

“Proteger a biodiversidade do mundo é precisamente a propósito do Cofre-Forte de Sementes Global de Svalbard”, disse Brian Lainoff, o porta-voz do Crop Trust, a associação sem fins lucrativos que assegura a conservação e a disponibilidade da diversidade de colheitas de cultivo, e que gere este armazém construído no subsolo da ilha de Svalbard, na Noruega, que fica situada a 1300 quilómetros a sul do Pólo Norte.   

O cofre, que começou a funcionar em 2008, foi construído para proteger as sementes de cultivo – como feijões, arroz ou trigo – contra as piores calamidades que podem acontecer, desde a guerra nuclear até doenças.

Tem mais de 860.000 amostras, oriundas de todos os países. Mesmo que haja um corte na electricidade, o cofre ficará gelado e fechado durante pelo menos 200 anos.

O banco genético de Alepo tem funcionado parcialmente, incluindo o armazém frio, apesar do conflito na Síria. Mas deixou de poder garantir as funções de ser um pólo regional de cultivo de sementes e distribuição para outros países, principalmente no Médio Oriente.

Grethe Evjen, uma especialista do Ministério da Agricultura da Noruega, disse que as sementes foram pedidas pelo Centro Internacional de Investigação Agrícola das Regiões Secas. O centro tinha sede em Alepo, mas em 2012 passou para Beirute, no Líbano, por causa da guerra na Síria.

O instituto pediu cerca de 130 caixas das 235 que depositou no cofre, com um total de 116.000 amostras, disse Evjen à Reuters. As sementes vão ser enviadas assim que os documentos acabarem de ser preenchidos.

Será a primeira vez que se vai retirar sementes do cofre, segundo Grethe Evjen. Muitas vindas da colecção de Alepo têm características de resistência à seca, o que faz delas variedades capazes de resistirem a alterações climáticas e interessantes para utilizar nas regiões secas da Terra, da Austrália a África.

A guerra na Síria já decorre há quatro anos e estima-se que tenha morto 250.000 pessoas. Onze milhões foram obrigadas a fugir das suas casas, 7,6 milhões estão neste momento deslocadas dentro do país.