Autores do golpe de Estado no Burkina Faso devolvem poder ao Governo
Dia de tensões altas na capital acabou com a capitulação da Guarda Presidencial, ligada ao antigo Presidente Blaise Campaoré.
Terça-feira foi um dia de tensões altas. O líder do golpe, Gilbert Diendéré, general e antigo braço direito do ex-Presidente Blaise Campaoré, não aceitou o ultimato do exército, que se manteve fiel ao Governo deposto. Diendéré tinha até ao final da manhã para abandonar o poder e aceitar as condições de um acordo de paz negociado durante o fim-de-semana com a Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO).
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Terça-feira foi um dia de tensões altas. O líder do golpe, Gilbert Diendéré, general e antigo braço direito do ex-Presidente Blaise Campaoré, não aceitou o ultimato do exército, que se manteve fiel ao Governo deposto. Diendéré tinha até ao final da manhã para abandonar o poder e aceitar as condições de um acordo de paz negociado durante o fim-de-semana com a Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO).
“Não queremos lutar, mas podemos eventualmente defender-nos”, dizia o general Diendéré ao final da tarde, citado pela AFP. Na capital nigeriana, os líderes da CEDEAO reuniam de emergência e, em Ouagadougou, o exército lealista afirmava ter meios para atacar as posições da Guarda Presidencial, que, numa demonstração de boa vontade, libertara o primeiro-ministro interino durante a manhã.
À noite, porém, Diendéré capitulou e aceitou cumprir as exigências da comunidade africana: fazer os cerca de 1300 homens da Guarda Presidencial voltar às suas barracas e devolver as armas ao exército nas próximas 72 horas. “É uma decisão da CEDEAO, não podemos fazer nada”, afirmou o general. De acordo com o que foi negociado, Diendéré e os seus homens receberão amnistia pelo golpe de estado.
Michel Kafando, que governava um executivo interino depois da queda do antigo homem forte Blaise Campaoré, em Outubro de 2014, será reconduzido no poder nesta quarta-feira. Terá o apoio de seis líderes da CEDEAO, que fazem a viagem até à capital Ouagadougou para apoiar o processo de transição e negociar um acordo definitivo para restabelecer a paz no país.
Ao longo de uma semana de protestos reprimidos pela Guarda Presidencial, morreram mais de dez pessoas e mais de 100 ficaram feridas. O general Diendéré e os seus homens exigiram que figuras próximas do ex-Presidente Blaise Campaoré pudessem concorrer às eleições que estavam marcadas para Outubro. A CEDEAO e figuras da oposição aceitaram-no ao longo do fim-de-semana e adiaram as eleições para o final de Novembro.