A Leste do paraíso
Anton Corbijn filma James Dean antes do estrelato como um actor em busca do seu lugar no mundo.
Olhando melhor, contudo, descobre-se o interesse de Corbijn pelas figuras que estão simultaneamente “ao lado” e “no centro” do seu tempo: o Ian Curtis de Sam Riley em Control, o Edward Clarke de George Clooney em O Americano, o Günther Bachmann de Philip Seymour Hoffman em O Homem Mais Procurado, e, finalmente, o James Dean de Dane de Haan e o Dennis Stock de Robert Pattinson em Life são idealistas ambiciosos que procuram encontrar o seu lugar num mundo que não lhes dá grandes tréguas.
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Olhando melhor, contudo, descobre-se o interesse de Corbijn pelas figuras que estão simultaneamente “ao lado” e “no centro” do seu tempo: o Ian Curtis de Sam Riley em Control, o Edward Clarke de George Clooney em O Americano, o Günther Bachmann de Philip Seymour Hoffman em O Homem Mais Procurado, e, finalmente, o James Dean de Dane de Haan e o Dennis Stock de Robert Pattinson em Life são idealistas ambiciosos que procuram encontrar o seu lugar num mundo que não lhes dá grandes tréguas.
Isso é ainda mais particularmente visível em Life, filme que é acima de tudo uma meditação sobre a fama e os compromissos usando a ascensão meteórica de um dos grandes mitos da Hollywood do século XX como ponto de partida. Apanhando Dean no “limbo” entre o término da rodagem e a estreia de A Leste do Paraíso, num momento em que o seu nome ainda não tinha sido anunciado para Fúria de Viver, Corbijn e o argumentista Luke Davies exploram a sua breve relação com o fotógrafo freelancer Dennis Stock, que vê no carisma e na modernidade do actor a sua hipótese de fugir ao rame-rame da fotografia de plateau e passadeira vermelha. Dean, por seu lado, é pintado como ambivalente em relação à fama, apenas a admitindo nos seus próprios termos e não nos do jogo viciado da máquina de relações públicas de Hollywood contra a qual a sua própria imagem nos filmes se coloca.
Corbijn encena a parceria entre Stock e Dean como uma espécie de “tango apache” entre feras desesperadas pelo reconhecimento, uma aliança circunstancial que tanto pode ser benéfica para ambos como travar as suas carreiras, naquele que é o aspecto francamente mais interessante de um filme que se deixa aqui e ali cair em demasia na reprodução embevecida da iconografia de época. É sempre complicado dar corpo a figuras reais, ainda por cima tão exploradas como James Dean, mas Dane de Haan apanha bem a pose e a atitude do actor (já o Jack Warner de Ben Kingsley é mais caricatural do que outra coisa), e Robert Pattinson faz esquecer de vez o seu estatuto de ídolo adolescente com uma interpretação seguríssima que ancora todo o filme. E o fotógrafo holandês volta a esquivar-se elegantemente e deliberadamente às gavetas onde andamos todos a querer metê-lo desde o magnífico Control — filme ao qual ainda não conseguiu dar sucessor ao mesmo nível.