Privacidade online: "um jogo viciado, com alguns batoteiros e muitos incautos”
O ciclo de conferências de divulgação científica no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, retoma esta quinta-feira com uma palestra sobre privacidade digital.
Paulo Veríssimo, reconhecido especialista mundial de cibersegurança, está a trabalhar há um ano no Luxemburgo, com o objectivo, a cinco anos, de transformar aquele país europeu numa potência científica numa área estratégica para a integridade de qualquer nação: a dos sistemas de alerta e defesa contra ataques informáticos às infra-estruturas essenciais ao funcionamento da sociedade, que vão da energia às telecomunicações e ao sistema bancário.
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Paulo Veríssimo, reconhecido especialista mundial de cibersegurança, está a trabalhar há um ano no Luxemburgo, com o objectivo, a cinco anos, de transformar aquele país europeu numa potência científica numa área estratégica para a integridade de qualquer nação: a dos sistemas de alerta e defesa contra ataques informáticos às infra-estruturas essenciais ao funcionamento da sociedade, que vão da energia às telecomunicações e ao sistema bancário.
Na sua conferência esta semana em Lisboa, o cientista irá falar mais precisamente dos riscos para cada um de nós que advêm da partilha de informação pessoal na esfera digital – e do que podemos fazer para impedir que terceiros, tais como estados e empresas, usem e abusem desse manancial de informação sobre os nossos gostos, actividades, saúde – em suma, sobre a nossa vida.
“Nunca como hoje tinha sido possível capturar, armazenar, processar e correlacionar rapidamente tantos dados sobre pessoas ou organizações”, explica Paulo Veríssimo no site do Pavilhão do Conhecimento.
“Este caminho trouxe indubitáveis vantagens às sociedades modernas, mas [criou] igualmente uma perigosa confluência de interesses entre governos e empresas (…). “Existe hoje avidez global de informação acerca de pessoas individuais ou colectivas, construindo-se e armazenando-se um rasto contínuo e sistemático da sua vida e actividade que as fragiliza e coloca à mercê de utilizações abusivas da informação disponibilizada.”
“Como mostrou [Edward] Snowden", salienta ainda este especialista, "este é um propósito metódico que inclui a inserção velada de vulnerabilidades em sistemas da Internet global por parte de governos, para facilitar a intercepção de tráfego ou a recolha furtiva de dados de utilizadores (…)”. Recorde-se que Edward Snowden foi o analista informático na origem das revelações sobre os programas de vigilância e espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana.
Ora, como faz notar Paulo Veríssimo, “a despeito destes riscos, existem muitos incautos desejosos de expor a sua esfera privada [nas redes sociais]. (…) O direito à privacidade na esfera virtual tornou-se, de facto, num jogo viciado, com alguns batoteiros e muitos incautos. É necessário mudar esta situação para que possamos talvez passar a uma era pós-Snowden mais saudável.”
A conferência seguinte, programada para o próximo 29 de Outubro estará a cargo de Diana Prata, do Insituto de Medicina Molecular (IMM) de Lisboa e terá por título: A biologia da cognição social.
A entrada nas conferências é gratuita mediante inscrição prévia na página do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva.