Raspar um socialista...
Esta semana tivemos dois casos que nos deviam inquietar. Primeiro, pareceu a meia dúzia de militantes que Vítor Gonçalves tinha entrevistado António Costa na RTP sem o cuidado e a reverência que a circunstância exigia. No dia seguinte foi publicado na internet um recado sibilino: “Quantos jornalistas com papel relevante em programas televisivos com impacte eleitoral (durante a pré-campanha) são familiares de altos dirigentes do PSD ou do actual governo?”. Este filosófico desabafo de sabor saudosamente estalinista vinha assinado por um tal Porfírio Silva, ao que por aí corre carregado de diplomas, que Costa recentemente chamou para o ajudar. Não sei da vida ou do parentesco de Vítor Gonçalves, nem do pessoal da RTP. Mas fiquei a saber que, para não me insultarem, preciso de apresentar documentos até à terceira geração para provar que não há na minha família nenhum desgraçado ou desgraçada do PSD.
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Esta semana tivemos dois casos que nos deviam inquietar. Primeiro, pareceu a meia dúzia de militantes que Vítor Gonçalves tinha entrevistado António Costa na RTP sem o cuidado e a reverência que a circunstância exigia. No dia seguinte foi publicado na internet um recado sibilino: “Quantos jornalistas com papel relevante em programas televisivos com impacte eleitoral (durante a pré-campanha) são familiares de altos dirigentes do PSD ou do actual governo?”. Este filosófico desabafo de sabor saudosamente estalinista vinha assinado por um tal Porfírio Silva, ao que por aí corre carregado de diplomas, que Costa recentemente chamou para o ajudar. Não sei da vida ou do parentesco de Vítor Gonçalves, nem do pessoal da RTP. Mas fiquei a saber que, para não me insultarem, preciso de apresentar documentos até à terceira geração para provar que não há na minha família nenhum desgraçado ou desgraçada do PSD.
O segundo caso foi o debate sobre justiça, também na RTP. Isto, não percebo porquê, enfrenesiou presentes maiorais do PS. Supunham talvez que, à sombra de discutir a justiça, se iria discutir a interessante carreira de Sócrates. E, sem sombra de hesitação, um jovem agitado e estridente, chamado João Galamba, reclamou a cabeça do Director de Programas, Paulo Dentinho, de acordo com as melhores regras democráticas. Por curiosidade, assisti ao programa em que se falou de Sócrates durante meio minuto. Mas para futuro sossego do sr. João Galamba, do sr. Porfírio e do PS em geral, proponho que se organize uma comissão de censura que separe o trigo do joio e faça respeitar o dr. António Costa. Se continua ou não depois de 4 de Outubro, logo se verá.