Eslovénia pode acolher até dez mil refugiados nos próximos dias
Embaixadora da Eslovénia na Alemanha garantiu numa entrevista que o país está preparado para a crise.
A entrevista de Marta Kos Marko é publicada um dia depois de a polícia eslovena ter usado gás lacrimogénio para dispersar um grupo de migrantes na fronteira com a Croácia e que procurava na Eslovénia um corredor de passagem. Ainda nesta quinta-feira, um comboio com refugiados e migrantes foi travado pela polícia da Eslovénia na região de Dobova. As autoridades tentaram entregar os passageiros à Croácia, mas estes não foram aceites – a partir desse momento, a Eslovénia suspendeu a circulação de comboios com a Croácia.
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A entrevista de Marta Kos Marko é publicada um dia depois de a polícia eslovena ter usado gás lacrimogénio para dispersar um grupo de migrantes na fronteira com a Croácia e que procurava na Eslovénia um corredor de passagem. Ainda nesta quinta-feira, um comboio com refugiados e migrantes foi travado pela polícia da Eslovénia na região de Dobova. As autoridades tentaram entregar os passageiros à Croácia, mas estes não foram aceites – a partir desse momento, a Eslovénia suspendeu a circulação de comboios com a Croácia.
No entanto, a embaixadora da Eslovénia na Alemanha garante que o país está preparado para receber este fluxo migratório. “Assim que os refugiados nos façam um pedido de asilo, nós acolhemo-los e protegemo-los. Temos capacidades para isso”, diz Marta Kos Marko, explicando que a capacidade eslovena se esgota nas dez mil pessoas. Caso os pedidos de asilo se multipliquem e ultrapassem esta marca, a Eslovénia é obrigada a pedir ajuda à Europa.
“Agiremos conforme as regras dos acordos de Schengen e de Dublin”, assegura a embaixadora, garantindo que o seu país não é indiferente ao que está acontecer. E lembrou que quando a Eslovénia mais precisou, na guerra em 1991, a solidariedade existiu. “Nessa altura, a Áustria e a Itália disponibilizaram-se imediatamente para nos ajudar. Por consequência, sentimos o dever moral de ajudar os refugiados.”
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de refugiados na Europa vai aumentar nos próximos dias, com os grupos em movimento a fragmentarem-se cada vez mais por novas rotas.
Marta Kos Marko não consegue precisar quantas pessoas, a maioria em fuga de guerras e perseguições em países como a Síria, o Iraque ou o Afeganistão, é que já entraram na Eslovénia, ou têm o país na mira. “Por agora é difícil dizer quantos refugiados é que vão chegar, talvez mil a dois mil por dia”, aponta.
Isto depois de a Croácia ter anunciado que vai deixar de registar os milhares de pessoas que começaram a entrar no país nos últimos dias, e depois de a Hungria ter selado completamente a sua fronteira com a Sérvia. "Podem passar pela Croácia, não porque não os queiramos cá, mas porque o vosso destino é o Norte" da Europa, disse o primeiro-ministro, Zoran Milanovic, que já neste sábado garantiu que a Croácia vai continuar a transportar os migrantes até à fronteira com a Hungria – país que se procura fechar à crise.
Antecipando o afluxo de refugiados, a Eslovénia anunciou nesta quarta-feira que iria começar a fazer controlos de identidade selectivos na fronteira com a Hungria, à semelhança do que havia feito na véspera a Áustria. Segundo a ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, a medida pretende acima de tudo passar a mensagem de que o país não pode lidar com o acesso descontrolado de refugiados ao seu território – a mesma responsável garantiu que as entradas estavam a ser autorizadas e que todos os pedidos de asilo seriam devidamente avaliados.
Nova vedação na Hungria
Depois da fronteira com a Sérvia, é nos limites com a Croácia que o governo húngaro construiu uma nova cerca de arame farpado para impedir a entrada de mais refugiados no país. O governo de Viktor Orbán começou também a aplicar leis anti-imigração mais duras.
Na manhã deste sábado, dia em que a Hungria anunciou a conclusão da nova vedação de arame farpado com cerca de 41 kms, Zoran Milanovic aproveitou para, mais uma vez, fazer pressão sobre a governo de Orbán. “Não há acordo com a Hungria”, disse aos jornalistas, citado pela AFP, o primeiro-ministro croata. “De alguma forma, temo-los forçado a aceitar os refugiados ao enviá-los [para a fronteira] e vamos continuar a fazê-lo", disse Milanovic durante uma visita a um centro de acolhimento de migrantes em Beli Manastir, no nordeste da Croácia.
Em resposta, a Hungria vai recorrer às reservas militares voluntárias para responder a esta “crise de migração em massa”. Segundo a agência noticiosa húngara MTI, o ministro da Defesa, Istvan Simicsko, agiu a pedido do chefe de Estado Maior. As reservas vão ocupar os lugares deixados pelos soldados destacados para as fronteiras do país mas podem vir a ser escolhidas para outras obrigações.