PS vê na subida do rating uma "desautorização de Passos Coelho"

Oposição lembra que PSD prometeu tirar Portugal do "lixo" no curto prazo e isso ainda não aconteceu.

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João Galamba Rui Gaudêncio

João Galamba começou por reconhecer ser “sempre melhor subir do que descer” no rating, mas o deputado e candidato socialista às legislativas acrescentou depois ver “uma desautorização a Pedro Passos Coelho” e uma “mensagem de confiança sobre um futuro Governo do PS” na decisão da agência de notação.

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João Galamba começou por reconhecer ser “sempre melhor subir do que descer” no rating, mas o deputado e candidato socialista às legislativas acrescentou depois ver “uma desautorização a Pedro Passos Coelho” e uma “mensagem de confiança sobre um futuro Governo do PS” na decisão da agência de notação.

“A Standard & Poors decidiu antecipar a revisão [antes das eleições] por entender que, qualquer que fosse o resultado das eleições, não haverá uma alteração de políticas que ponha em causa a sustentabilidade da dívida ou das finanças públicas”, disse, antes de lembrar as críticas de Passos Coelho sobre a exequibilidade do programa do PS.

Mas o socialista aproveitou ainda para recordar declarações de Março de 2011 de Carlos Moedas – que viria a ser secretário de Estado e é actualmente comissário europeu – quando este previa que, “com as reformas que o PSD vai implementar, ainda vão subir o rating, não sei se nos próximos seis meses, se nos próximos 12”. Quatro anos depois, resumiu Galamba, as “três agências mantêm a avaliação no nível lixo”. “O Governo terá de reconhecer que não é propriamente um sucesso”, rematou.

Pela voz de Mariana Mortágua, o Bloco de Esquerda reagiu ao anúncio considerando que representa uma “interferência notória e indecorosa” nas eleições: “Quatro anos depois da data prometida pelo PSD, na última campanha eleitoral para tirar Portugal da notação de lixo, as agências de rating escolheram a véspera das eleições para subir rating de Portugal para ‘lixo’. Quatro anos de todos os sacrifícios e austeridade para passarmos de ‘lixo’ para ‘lixo’. Percebemos muito bem os interesses desta interferência notória e indecorosa nas eleições e que interesses defendem.”

Agostinho Lopes, membro do comité central do PCP, não tem dúvidas sobre a intenção desta revisão em alta em vésperas do arranque da campanha: “É uma tentativa canhestra de influenciar as eleições procurando continuar a política austeritária de direita, quer seja PSD/CDS ou PS”. O comunista considera que a subida do rating de “lixo para lixo mais tem tanta importância e credibilidade como a avaliação de conjuntura que vai sendo feita pelo dr. Paulo Portas: zero”.

O dirigente do PCP considera ainda que é “estranha” porque a classificação inicial de lixo foi dada devido ao alto nível da dívida, mas a notação é agora melhorada quando a dívida “tem mais umas largas dezenas de milhares de milhões de euros em cima”. Considerando que a Standard & Poor’s está ao serviço do FMI e do grande capital europeu, Agostinho Lopes é lapidar: “Se tivessem algum bocadinho de vergonha deviam estar caladinhos.”