ACNUR avisa que a UE tem de agir porque o número de refugiados vai aumentar

"Fechar fronteiras não resolve nada, só os empurra para outros lugares", disse o porta-voz Adrian Edwards

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Em 2015 morreram quase quatro mil refugiados na travessia do Mediterrâneo Yannis Behrakis/Reuters

Segundo o porta-voz da organização, Adrian Edwards, o encontro de ministros da Justiça e do Interior na terça-feira da semana que vem e o Conselho Europeu de quarta-feira são de "importância crucial". "Estas reuniões podem ser a última oportunidade para dar uma resposta unida, coerente e positiva a esta crise. O tempo está a esgotar-se", disse em Genebra.

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Segundo o porta-voz da organização, Adrian Edwards, o encontro de ministros da Justiça e do Interior na terça-feira da semana que vem e o Conselho Europeu de quarta-feira são de "importância crucial". "Estas reuniões podem ser a última oportunidade para dar uma resposta unida, coerente e positiva a esta crise. O tempo está a esgotar-se", disse em Genebra.

O ACNUR [dirigido pelo português António Guterres] tem sido criticado, incluindo por antigos responsáveis e por especialistas em política humanitária, por não estar a ser suficientemente assertivo quanto à abertura das portas na Europa, como fez em crises passadas, por exemplo durante o êxodo na Hungria, em 1956.

"A condições no sudeste da Croácia são muito preocupantes. Pelo menos 13 mil pessoas cruzaram a fronteira às oito ou nove horas desta manhã. Havia muito pouca ajuda", disse Edwards à Reuters. O porta-voz acrescentou que a União Europeia não conseguiu controlar a situação e que o encerramento de fronteiras fez mudar o fluxo de refugiados que iam para a Hungria, onde as autoridades usaram métodos que a ONU classificou de "xenófobos", para a Croácia. "Quando as estradas ficam bloqueadas num lugar, é óbvio que as pessoas vão procurar uma rota noutro lugar. Já estamos a ver grupos a chegarem a Brindisi, na Itália, vindas da Turquia [até agora a rota mais usada pelos refugiados que chegavam à Turquia era a que levava à Hungria]. E vamos ver mais gente na rota entre a Líbia e a Itália. Fechar fronteiras não resolve nada, só os empurra para outros lugares", disse o porta-voz.

O ACNUR está atento às movimentações na Eslovénia, Áustria e Croácia, mas avisa que a pressão pode regressar à Sérvia se o número de migrantes se acumular naquele país. "À medida que as pessoas vão sendo empurradas para direcções diferentes, torna-se mais difícil gerir [esta crise] porque surgem múltiplas rotas", insistiu Edwards


Questionado sobre se o ACNUR vai ajudar a disponibilizar comboios que levem os refugiados da Hungria para a Alemanha, atravessando a Áustria, o porta-voz disse que esta agência quer que exista uma resposta europeia colectiva em vez de se "gravitar em torno de um ou dois países onde a situação pode tornar-se ingovernável".

Joel Millman, um porta-voz da Organização Mundial para as Migrações, avisou que o fracasso da Europa em resolver esta situação poderia mergulhar o continente no ambiente de rivalidade que conduziu à II Guerra Mundial. "É muito semelhante aos que aconteceu em 1920, quando a política de trocas comerciais acirrou os países uns contra os outros, levando-os à guerra". "Receamos que esteja a acontecer algo semelhante, com este endurecimento de posições em relação às fronteiras e em reacção a decisões tomadas pela Alemanha", disse Millman.