Taliban atacam prisão no Afeganistão e libertam mais de 350 prisioneiros

Grupo islamista libertou comandantes e combatentes, para além de outros prisioneiros. É a terceira grande fuga de prisões orquestrada nos últimos anos pelos taliban.

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Vice-governador de Ghazni garante que prisão cumpre os requisitos de segurança Reuters

O ataque aconteceu nas primeiras horas da madrugada, nos arredores de Ghazni. “Primeiro, detonaram um carro bomba em frente ao portão, dispararam um rocket e atacaram a prisão”, disse à AFP o vice-governador regional, Mohammad Ali Ahmadi. O assalto envolveu seis combatentes taliban vestidos com uniformes militares. Segundo o seu relato, morreram três taliban e quatro polícias. Outros sete agentes afegãos ficaram feridos.

É uma versão um pouco diferente da que foi dada por um porta-voz dos taliban, que diz que três bombistas suicidas se fizeram explodir durante o ataque. “Libertámos 400 compatriotas… foram levados para zonas controladas”, afirmaram os taliban em comunicado. O grupo assegura que se apoderou do edifício ao longo de "várias horas". 

Esta é a terceira grande fuga da prisão orquestrada pelos taliban no Afeganistão desde 2008. Nesse ano, uma complexa ofensiva de bombistas suicidas e dezenas de combatentes atacou a prisão de Kandahar e conseguiu libertar quase 1000 prisioneiros. Cerca de 400 eram presumíveis taliban. Três anos mais tarde, na mesma prisão, o grupo conseguiu retirar à volta de 450 presos através de um sistema de túneis. Não houve feridos nem tiros disparados. Quase todos os que fugiram eram extremistas islâmicos.

A operação desta segunda-feira não foi inesperada. As autoridades afegãs suspeitavam que se poderia estar a aproximar uma tentativa de fuga e, no domingo, transferiram 18 talibans considerados “perigosos” para uma outra prisão. Outros 17 veteranos do grupo não foram transportados a tempo, segundo o vice-governador, e suspeita-se que tenham ajudado a coordenar o ataque.

Ali Ahmadi garante que a prisão está dentro dos parâmetros de segurança, já que está a apenas sete quilómetros do centro de Ghazni e perto de reforços. Segundo ele, o exército só não chegou a tempo de impedir o ataque desta segunda-feira porque a estrada que liga a cidade à prisão foi armadilhada pelos taliban. “Um veículo do exército que chegava com reforços foi atingido por uma bomba à berma da estrada”, explicou o responsável afegão. 

Exército incapaz

O ataque desta segunda-feira é apenas a mais recente prova de força dos taliban. Os extremistas aproveitam o fim oficial da missão da NATO no Afeganistão e a saída de grande parte das tropas estrangeiras. Há actualmente 13 mil militares estrangeiros no país, quase exclusivamente em missões de treino e aconselhamento do exército afegão.  

As forças do Governo não têm sido capazes de travar os avanços do grupo. De acordo com o New York Times, morreram mais 50% de polícias e soldados afegãos durante os primeiros seis meses de 2015 do que no mesmo período de 2014 – já de si um salto em relação ao ano anterior. Há mais combates entre exército e extremistas no Norte do país e, segundo o diário norte-americano, o cargo de ministro da Defesa é, na prática, desempenhado pelo comandante da NATO, um general norte-americano.

A guerra interna nos taliban pela sucessão do mullah Omar contribui para o aumento nos ataques, mas o consenso é o de que o exército afegão não está a ser capaz de conter os extremistas. No final de Agosto, o Governo afegão perdeu para os taliban o controlo do distrito de Musa Qal, no Interior Sul do país, e já esteve várias vezes próximo de perder também Kunduz, no Norte. 
 

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O ataque aconteceu nas primeiras horas da madrugada, nos arredores de Ghazni. “Primeiro, detonaram um carro bomba em frente ao portão, dispararam um rocket e atacaram a prisão”, disse à AFP o vice-governador regional, Mohammad Ali Ahmadi. O assalto envolveu seis combatentes taliban vestidos com uniformes militares. Segundo o seu relato, morreram três taliban e quatro polícias. Outros sete agentes afegãos ficaram feridos.

É uma versão um pouco diferente da que foi dada por um porta-voz dos taliban, que diz que três bombistas suicidas se fizeram explodir durante o ataque. “Libertámos 400 compatriotas… foram levados para zonas controladas”, afirmaram os taliban em comunicado. O grupo assegura que se apoderou do edifício ao longo de "várias horas". 

Esta é a terceira grande fuga da prisão orquestrada pelos taliban no Afeganistão desde 2008. Nesse ano, uma complexa ofensiva de bombistas suicidas e dezenas de combatentes atacou a prisão de Kandahar e conseguiu libertar quase 1000 prisioneiros. Cerca de 400 eram presumíveis taliban. Três anos mais tarde, na mesma prisão, o grupo conseguiu retirar à volta de 450 presos através de um sistema de túneis. Não houve feridos nem tiros disparados. Quase todos os que fugiram eram extremistas islâmicos.

A operação desta segunda-feira não foi inesperada. As autoridades afegãs suspeitavam que se poderia estar a aproximar uma tentativa de fuga e, no domingo, transferiram 18 talibans considerados “perigosos” para uma outra prisão. Outros 17 veteranos do grupo não foram transportados a tempo, segundo o vice-governador, e suspeita-se que tenham ajudado a coordenar o ataque.

Ali Ahmadi garante que a prisão está dentro dos parâmetros de segurança, já que está a apenas sete quilómetros do centro de Ghazni e perto de reforços. Segundo ele, o exército só não chegou a tempo de impedir o ataque desta segunda-feira porque a estrada que liga a cidade à prisão foi armadilhada pelos taliban. “Um veículo do exército que chegava com reforços foi atingido por uma bomba à berma da estrada”, explicou o responsável afegão. 

Exército incapaz

O ataque desta segunda-feira é apenas a mais recente prova de força dos taliban. Os extremistas aproveitam o fim oficial da missão da NATO no Afeganistão e a saída de grande parte das tropas estrangeiras. Há actualmente 13 mil militares estrangeiros no país, quase exclusivamente em missões de treino e aconselhamento do exército afegão.  

As forças do Governo não têm sido capazes de travar os avanços do grupo. De acordo com o New York Times, morreram mais 50% de polícias e soldados afegãos durante os primeiros seis meses de 2015 do que no mesmo período de 2014 – já de si um salto em relação ao ano anterior. Há mais combates entre exército e extremistas no Norte do país e, segundo o diário norte-americano, o cargo de ministro da Defesa é, na prática, desempenhado pelo comandante da NATO, um general norte-americano.

A guerra interna nos taliban pela sucessão do mullah Omar contribui para o aumento nos ataques, mas o consenso é o de que o exército afegão não está a ser capaz de conter os extremistas. No final de Agosto, o Governo afegão perdeu para os taliban o controlo do distrito de Musa Qal, no Interior Sul do país, e já esteve várias vezes próximo de perder também Kunduz, no Norte.