Quanto vai dar Passos aos lesados do BES para irem para tribunal?
Comícios, arruadas, mercados, jantaradas, correrias, discursos gritados, abraços e beijinhos e poucos conteúdos. Enfim, uma campanha à portuguesa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Comícios, arruadas, mercados, jantaradas, correrias, discursos gritados, abraços e beijinhos e poucos conteúdos. Enfim, uma campanha à portuguesa.
O dia ficou marcado pela confusão que recebeu a coligação no mercado de Braga. Lesados do BES e outros descontentes esperavam Passos Coelho e Paulo Portas. Houve gritos, inaceitáveis tentativas de agressão a membros da coligação Portugal à Frente e alguns empurrões.
Porém, algo que promete marcar toda a campanha acabou por acontecer. Rodeado pelos seus seguranças, Passos resolveu dar o “corpo às balas” e irromper pela multidão. Foi trocando argumentos sempre de forma cordial com os que o confrontavam e um diálogo, já mostrado pelas televisões e relatado por rádios e jornais, acabou por marcar o dia.
Passos seguia já a meio do mercado quando um homem que gritava ter sido enganado pelo BES o interrompeu. O líder do PSD pediu silêncio e dirigiu-se ao cidadão irritado. Vale a pena ler o diálogo na íntegra:
Pedro Passos Coelho (PPC) – O Grupo Espírito Santo enganou muita gente.
Lesado do Bes (LB) – Eu sei.
PPC – Essas pessoas não foram enganadas por eu ter dito para serem enganadas.
LB – Mas o Presidente da República deixou-o lá estar muito tempo para ele roubar ainda mais, senhor primeiro-ministro.
PPC – Mas quem?
LB – O Ricardo Salgado esteve tempo a mais.
PPC – Mas como é que o Presidente da República tem alguma coisa que ver com isso?
L B – Tem, tem … O Governador [do Banco de Portugal] deu ordens para ele sair e ele continuou lá.
PPC – O senhor não acredita nisso. Não é verdade.
LB – É verdade.
PPC – Não é. Nós dissemos, disse eu e o Presidente da República: uma coisa é o Grupo Espírito Santo, outra coisa é o banco. O banco, o banco está defendido. A defesa que o Banco de Portugal organizou para o Banco Espírito Santo foi posta em causa pelos seus administradores e eles vão responder, lhe garanto, em tribunal por isso.
LB – Quando eu morrer, senhor doutor…
PPC – Não.
LB – Quando eu morrer. É que eu já tenho [não se entende a idade]…
PPC – O senhor, que tem papel comercial, não é do banco, é do Grupo Espírito Santo e das empresas do Espírito Santo.
LB – Eu não sabia o que era isso. Eu fui enganado.
PPC – Está a ver…
LB – Eu fui enganado por tudo, pelos stresses bancários…
PPC – Não foi, não foi.
LB – Fui.
PPC – Mas olhe, há uma entidade que pode resolver isso que é o tribunal. Se não tem dinheiro para ir lá…
LB – Não, não tenho.
PPC – Eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer a tribunal…
LB – O senhor compromete-se? O senhor compromete-se? Perante a opinião pública?
PPC – A ajudá-lo a ir para tribunal? Sim senhor.
LB – Todos aqueles que precisam?
PPC – Sim senhor, disso pode ter a certeza.
Noutras imagens, Pedro Passos disse mesmo que aceitaria ser o “primeiro abaixo-assinado” de uma petição que vise angariar financiamento popular para os lesados do BES irem a tribunal contra o Grupo Espírito Santo. Disse ainda que estaria disposto a dar dinheiro do seu bolso (mais faltava que fosse do bolso do Estado).
Ficou feita a primeira grande promessa de Passos Coelho em campanha eleitoral. Os portugueses ficam agora à espera para ver quando e como Passos a vai cumprir.
Com quanto vai contribuir senhor presidente do PSD? Quanto dinheiro é preciso? Já agora, isto não se resolvia através dos mecanismo do sistema judicial português, evitando recorrer a peditórios?