E os Prémios de Design Português vão para...

Revestimento de avião em materiais recicláveis e serviço de chá estão entre os projectos distinguidos. Os prémios serão atribuídos de dois em dois anos.

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Criados no âmbito do Ano do Design Português –­ iniciativa conjunta da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Economia que termina no final de Setembro –, os Prémios de Design Português foram atribuídos sexta-feira pela primeira vez, vindo preencher o vazio deixado pelo desaparecimento dos prémios do Centro Português do Design, extinto em 2013.

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Criados no âmbito do Ano do Design Português –­ iniciativa conjunta da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Economia que termina no final de Setembro –, os Prémios de Design Português foram atribuídos sexta-feira pela primeira vez, vindo preencher o vazio deixado pelo desaparecimento dos prémios do Centro Português do Design, extinto em 2013.

Criados com o objectivo de “estimular a qualidade e inovação do design nacional”, segundo a comissária do Ano do Design Português, Guta Moura Guedes, os prémios contemplam três categorias ou especialidades – design de produto, design de comunicação e design de interiores – e destinam-se a designers nacionais que desenvolvam trabalho em Portugal ou no estrangeiro e a estudantes finalistas ou recém-formados. O nome de cada prémio presta homenagem a “três grandes mestres do design português contemporâneo”, diz Guta Moura Guedes: Daciano da Costa, Sebastião Rodrigues e Pádua Ramos.

Esta primeira edição contou com 181 candidaturas, a maior parte em design de produto (114), seguindo-se design de comunicação (49) e design de interiores (18). Os três prémios são, na verdade, seis: cada categoria é dividida em prémio profissional (no valor de 5000 euros) e prémio finalistas (2500 euros).

Rui Marcelino e Catarina Ferreira, do estúdio Almadesign, foram os vencedores do Prémio Daciano da Costa em design de produto com a concepção de painéis de revestimento de interiores para aviões, substituindo as matérias plásticas, actualmente em uso, por materiais recicláveis como a cortiça e o alumínio. O júri salientou o carácter inovador do projecto, intitulado desAir - Design de Estruturas Sustentáveis para Aeronáutica, notando que pode “vir a ter grande impacto industrial, económico e ambiental”.

O Prémio Finalistas Daciano da Costa foi para Teapot’set, um serviço de chá em formato decrescente do designer João Abreu Valente, licenciado em 2008 na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Cada peça é criada utilizando um único molde – o do bule, peça central e de maior dimensão –, mas vazando quantidades diferentes de porcelana líquida, como se o formato inicial fosse sendo progressivamente desconstruído. A leiteira tem a mesma forma do bule, mas é um pouco menor, sem tampa e sem bico – e assim sucessivamente.

O júri considerou o projecto representativo de uma tendência actual e cada vez mais acentuada, em que são os designers que produzem e editam as suas próprias peças e produtos. O projecto de João Abreu Valente foi desenvolvido em 2012 como trabalho final do mestrado em Design Contextual na Design Academy Eindhoven, na Holanda, e foi distinguido no ano seguinte no Salon del Mobile, a feira anual de design em Milão.

O Prémio Sebastião Rodrigues em design de comunicação foi atribuído à designer gráfica freelance Joana Monteiro pelos cadernos de programação do Teatro Nacional de São João (temporada 2011-2013), que, segundo o júri, demonstram “um sentido contemporâneo de mise-en-scène “ que se traduz “em soluções visuais muito eficazes comunicacionalmente".

O Prémio Finalistas na mesma especialidade coube a Sérgio Alves, jovem designer com atelier próprio no Porto (Atelier d’Alves), pelo livro Cassandra, que reúne textos escritos por sete dramaturgos sobre o futuro de Portugal tendo como mote a figura mitológica de Cassandra, que tinha o dom da profecia. Segundo o júri, Sérgio Alves “representa a excelência de uma nova geração de designers portugueses”, e este projecto específico é um exemplo do seu “talento criativo, do seu conhecimento tipográfico e dos processos de produção gráfica”. O mesmo projecto do designer já tinha sido distinguido este ano nos Estados Unidos, com um certificado de excelência tipográfica pelo The Type Directors Club, uma associação internacional de profissionais do design gráfico e tipográfico.

O Prémio Pádua Ramos em design de interiores foi para o design da exposição 360º Ciência Descoberta na Fundação Calouste Gulbenkian em 2013, por Mariano Piçarra. O júri considerou que os espaços expositivos do designer “contam histórias que transcendem “a contingência dos objectos e dos conteúdos apresentados”.

O Prémio Finalistas na mesma categoria foi atribuído ex-aequo a Ana Rita Ramos e a Alexandrine Costa, por Anarquia na Cidade, projecto que cruza arquitectura, design de produto e design de interiores, e Percurso Narrativo, projecto de reabilitação de um antigo matadouro industrial, convertendo-o num cluster.

Os três prémios tiveram júris diferentes, com alguns membros em comum, nomeadamente Margarida Veiga, ex-directora geral das Artes, em representação do secretário de Estado da Cultura, e Catarina Cotinelli da Costa, arquitecta e coordenadora dos prémios. Os três júris também incluíram uma representante do secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade: Cristina Góis (Prémio Design de Comunicação) e Helena Paula Pires (Prémios Design de Produto e de Interiores), ambas do AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo. O júri do Prémio Design de Comunicação contou ainda com o designer gráfico Jorge Silva e o especialista e professor José Bártolo. O designer Fernando Brízio e o designer e professor João Paulo Martins completam o júri do Prémio Design de Produto; a arquitecta e professora Maria Milano integrou o júri do Prémio Design de Interiores.

As obras dos vencedores e dos finalistas dos prémios estão em exposição no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, até 29 de Novembro.

Os prémios terão uma periodicidade bienal, segundo Guta Moura Guedes. Mas Fernando Brízio nota que, por serem uma iniciativa governamental, a sua continuidade não é uma garantia. “Pode haver mudança de vontade política”, diz.