Cameron responde à indignação e promete acolher "mais alguns milhares" de refugiados

ACNUR adianta que Londres se ofereceu para receber mais quatro mil pessoas. Em Madrid, primeiro-ministro britânico promete mais cem milhões de libras para ajuda humanitária

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“O Reino Unido vai agir com razão e coração, dando refúgio aos que mais precisam, ao mesmo tempo que procura soluções de longo prazo para a crise”, disse Cameron, em Lisboa, depois de um encontro com o primeiro-ministro português, agendado para discutir as suas propostas de reforma da União Europeia. Pedro Passos Coelho assegurou, por seu lado, que “Portugal está disponível para contribuir activamente” nos esforços europeus para lidar com crise de refugiados, sem revelar quantos mais sírios poderá acolher além dos 1500 que se comprometeu em Julho.

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“O Reino Unido vai agir com razão e coração, dando refúgio aos que mais precisam, ao mesmo tempo que procura soluções de longo prazo para a crise”, disse Cameron, em Lisboa, depois de um encontro com o primeiro-ministro português, agendado para discutir as suas propostas de reforma da União Europeia. Pedro Passos Coelho assegurou, por seu lado, que “Portugal está disponível para contribuir activamente” nos esforços europeus para lidar com crise de refugiados, sem revelar quantos mais sírios poderá acolher além dos 1500 que se comprometeu em Julho.

As declarações de Cameron representam uma cedência à indignação, dentro de fora do Reino Unido, com a falta de solidariedade demonstrada pelo governo conservador em relação ao drama que se desenrola nas fronteiras sul da Europa. Depois de dois dias a afirmar que receber mais refugiados não vai resolver a crise, Cameron mudou de tom e admitiu que “a escala da actual crise” obriga o país a “fazer mais”. Prometeu detalhes sobre as novas chegadas para a próxima semana, mas a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) adiantou que Londres propôs acolher mais quatro mil pessoas. “Saudamos a decisão de aumentar as vagas de realojamento no Reino Unido. Essas vagas serão cruciais para as vidas e o futuro de quatro mil refugiados", disse à agência AP Melissa Fleming, numa revelação que Downing Street recusou comentar.

Segundo as estatísticas oficiais, o Reino Unido concedeu asilo a cinco mil sírios que nos últimos quatro anos chegaram ao país pelos próprios meios e acolheu 216 pessoas ao abrigo do programa de realojamento acordado com a ONU para os refugiados mais vulneráveis (contra os 30 mil que a Alemanha propôs receber por esta via). É através deste mecanismo que Londres quer processar as novas entradas, evitando assim que “tenham que arriscar a perigosa viagem que está tragicamente a custar tantas vidas”.

Ao dirigir atenções para os campos de refugiados no Médio Oriente, Cameron pretende desencorajar os sírios a partir para a Europa, ao mesmo tempo que tenta acalmar os sectores mais à direita, que nos últimos meses se alarmaram com as centenas de imigrantes que tentaram entrar no Eurotúnel em Calais – Nigel Farage, líder do partido antieuropeu UKIP, acusou nesta sexta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, de encorajar os refugiados a arriscar a vida ao anunciar que o seu país vai acolher mais refugiados.

Mas Cameron enviou também recados aos líderes europeus, ao não dar sinais de que vai apoiar o plano da Comissão para a redistribuição de 160 mil refugiados que já chegaram à Europa, numa altura em que Berlim e Paris defendem a criação de quotas para dividir o esforço entre todos os Estados-membros.

Quis também deixar claro que o país não recebe lições de moral. Em Lisboa, recordou que o Reino Unido enviou mais de 900 milhões de libras (1230 milhões de euros) em ajuda humanitária à Síria e aos países vizinhos e, retomando o assunto horas mais tarde em Madrid, prometeu mais cem milhões (137 milhões de euros), 60 dos quais canalizados para as organizações que trabalham em território sírio. “Não há nenhum outro país europeu que tenha feito mais a este respeito. E se não fosse esta ajuda maciça, o número dos que arriscam esta viagem perigosa para a Europa seria ainda maior.”