António Guterres pede à UE para acolher 200 mil refugiados
Tensão aumenta com ataque a refugiados na Grécia. Impasse nos comboios mantém-se na Hungria.
Guterres pediu que a União mobilize toda a sua força num momento definidor para a Europa, quando o número de que fala o ACNUR é superior ao adiantando pelos líderes europeus.
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Guterres pediu que a União mobilize toda a sua força num momento definidor para a Europa, quando o número de que fala o ACNUR é superior ao adiantando pelos líderes europeus.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse na quinta-feira que vai pedir aos Estados-membros a redistribuição de 160 mil pessoas, mais do que as 100 mil antes mencionadas pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e do que a meta de 40 mil da última proposta da Comissão.
A Comissão vai revelar uma nova proposta para os refugiados na próxima semana, a tempo de ser discutida na próxima cimeira marcada para dia 14 de Setembro. Uma proposta anterior de quotas de acolhimento, com um mínimo obrigatório para os Estados-membros, falhou.
Enquanto isso, no terreno, a Grécia continua a receber milhares de refugiados, e a não ter qualquer política para eles, excepto pô-los em ferries das ilhas para Atenas, de onde continuam a sua viagem para os Balcãs e entram no espaço europeu na Hungria.
Com o aumento de chegadas nas ilhas e sem qualquer apoio oficial, a ajuda aos refugiados tem estado quase exclusivamente nas mãos de voluntários. A tensão começa a fazer-se sentir e na quinta-feira houve relatos de violência contra os refugiados e os voluntários que os ajudam em Kos, perante a impassividade da polícia.
Saindo da Grécia, muitos refugiados conseguiram chegar à Hungria mas nos últimos dias Budapeste mudou de política várias vezes: primeiro não deixando seguir viagem quem não se registasse (ou seja, pedisse asilo à Hungria primeiro), depois deixando comboios passar com refugiados, e novamente impedindo a sua passagem.
Na quinta-feira, as autoridades de Budapeste optaram por deixar refugiados embarcar num comboio, mas fizeram-no parar a poucos quilómetros de Budapeste perto de um campo de acolhimento, para onde queriam levar os refugiados mas estes recusavam-se.
Houve pessoas a atirar-se para a linha de comboio recusando sair, cenas duras de famílias a chorar, refugiados gritando “campo não”, polícia impedindo a fuga dos refugiados quando estes perceberam que não iriam para a Áustria ou Alemanha mas sim para um centro de refugiados. Cenas demasiado remniscentes da II Guerra e dos que foram obrigados a ir em comboios para campos de concentração, tal como antes foram as imagens da polícia checa a marcar os braços dos refugiados com números escritos a caneta – uma prática que Praga já disse ter abandonado.
Depois de um dia descrito pelo correspondente da ITV James Mates como “perturbador” após a viagem de comboio “caótica e cruel” a que a Hungria sujeitou os cerca de 500 refugiados, os ocupantes do comboio parado recusavam-se a sair. Passaram lá a noite, e esta sexta-feira repetiam os mesmos slogans pedindo para serguir viagem para a Alemanha. Com espuma de barbear alguém escreveu no comboio: “Hungria não. Campo não. Comboio da liberdade”.
Em Budapeste, onde o primeiro-ministro, Viktor Órban, garante estar apenas a cumprir as regras da União Europeia e a guardar as suas fronteiras, culpando a Alemanha por incentivar a passagem dos refugiados ao dizer que os vai receber, milhares de refugiados continuavam na estação de Keleti à espera de conseguir seguir viagem.