Centro Comercial das Amoreiras visto do alto dos seus 30 anos
Exposição sobre a história do conhecido centro comercial de Lisboa assinala o aniversário da sua inauguração. E para deixar água na boca dos visitantes, há uma viagem virtual ao topo das torres, de onde se avista a cidade e o Tejo.
A exposição "Do alto dos meus 30 anos", instalada no segundo piso junto à escadaria central, recorda os momentos mais marcantes deste empreendimento, que foi uma verdadeira "pedrada no charco" quando começou, no princípio da década de 1980, a rasgar a linha do horizonte de Lisboa. Os testemunhos de figuras públicas, lojistas e visitantes que acompanharam a evolução do centro, inaugurado com pompa e circunstância a 27 de Setembro de 1985, serão transmitidos em vídeo.
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A exposição "Do alto dos meus 30 anos", instalada no segundo piso junto à escadaria central, recorda os momentos mais marcantes deste empreendimento, que foi uma verdadeira "pedrada no charco" quando começou, no princípio da década de 1980, a rasgar a linha do horizonte de Lisboa. Os testemunhos de figuras públicas, lojistas e visitantes que acompanharam a evolução do centro, inaugurado com pompa e circunstância a 27 de Setembro de 1985, serão transmitidos em vídeo.
Para os mais curiosos, a administração da casa propõe uma "viagem sensorial" ao topo de uma das duas grandes torres espelhadas, de topos e bases coloridas. "Reproduzimos, através de um simulador, a sensação de subir ao topo das torres e ver o que se avista lá de cima", descreve Nelson Leite, director do Amoreiras Shopping Center. O objectivo é deixar os visitantes expectantes com a novidade prometida para a Primavera: o Amoreiras 360 Sightseeing, um miradouro situado na cobertura da Torre 1 (que tem 18 andares), com vista panorâmica sobre a cidade e o Rio Tejo. O bilhete para entrar deverá custar 5 euros.
"O Amoreiras foi pensado como um complexo, que inclui habitação, escritórios e comércio. Era essa a grande visão, quando foi construído [as obras arrancaram em 1981]. Faltava-nos agora, para dinamizar o centro, a aposta noutro segmento, o do turismo", explica o director, apresentando o miradouro como um "atractivo diferenciador". É nele que Nelson Leite confia para angariar novos visitantes e continuar a crescer.
Segundo o gestor, o centro é visitado anualmente por cerca de dez milhões de pessoas e muitos são turistas estrangeiros: o turismo vale cerca de 7% do total das vendas. "Quase 50% são chineses", acrescenta, confirmando o que salta à vista num simples passeio pelos corredores. O movimento de turistas asiáticos é constante. Nas montras das lojas, abundam informações sobre os produtos escritas em mandarim. E não é só: segundo a administração, o Amoreiras foi o primeiro shopping português a ter um site próprio totalmente escrito naquele idioma.
A "cidade dentro da cidade", anunciada num jingle de rádio nos primeiros tempos de vida do Amoreiras, sobreviveu à passagem do tempo, à polémica em torno da ousadia do projecto de Tomás Taveira, pela volumetria e pela forma - o arquitecto Nuno Portas usou a metáfora que ficaria para a posteridade, comparando as torres a "um par de bandarilhas cravadas no dorso da cidade" -, e à concorrência de outros grandes centros comerciais.
Não só sobreviveu, mas ainda se reinventou. Como? Por exemplo, requalificando e redesenhando a oferta de restauração, que passa a estar distribuída por vários espaços em vez de ficar concentrada num único local. Ou alargando a área das lojas para responder às novas necessidades dos comerciantes. Ou ainda adaptando os horários de abertura de alguns estabelecimentos à dinâmica dos clientes habituais, até porque aquele é uma espécie de “shopping de bairro”, lembra Nelson Leite. “O princípio que sempre seguimos foi o de não ser apenas uma área comercial, mas sim um ponto de encontro das pessoas que nos visitam”, sublinha.
Até agora, e apesar de alguns anos menos bons – como os que se seguiram ao da abertura do Centro Comercial Colombo, em 1997, e mais recentemente o ano de 2012, em que a crise económica se reflectiu nas vendas -, a estratégia parece estar a compensar. O director sublinha que em Julho deste ano registou-se um crescimento de 11% nas vendas, em comparação com Julho do ano passado. Entre Janeiro e Julho, o crescimento acumulado foi de 7,6%, comparando com o período homólogo de 2014.
A taxa de ocupação das lojas (220 no total) é de 100%, com destaque para espaços dirigidos ao público de classe mais alta, para o qual a Mundicenter (proprietária do Amoreiras) apontou baterias para enfrentar a concorrência. Actualmente há lojas de luxo que, em Portugal, só se encontram ali, ou então em zonas como a Avenida da Liberdade ou o Bairro Alto.
Construído numa antiga área de estacionamento dos autocarros da Carris, perto do Marquês de Pombal, o Amoreiras beneficia da localização numa zona da cidade onde os residentes e trabalhadores têm, de um modo geral, maior poder de compra. "Conhecemos bem os nossos clientes: são mais exigentes, o que nos obriga a ter uma oferta mais qualificada", afirma Nelson Leite.
Algumas datas marcantes:
1978: Aprovado um estudo que define a estrutura do complexo das Amoreiras. Tomás Taveira fica com o projecto dois anos depois e a construção arranca em 1981.
1985: Inauguração, a 27 de Setembro. Abriu ao público no dia seguinte.
1993: Recebe o Prémio Valmor de Arquitectura, com elogios ao "uso inovador da cor" e ao facto de "conferir uma nova singularidade à cidade".
1997: Inauguração do Colombo, primeiro grande concorrente do Amoreiras. Um ano depois, a Mundicenter admitia uma quebra no número de visitantes.
1999: Católicos manifestam-se contra a publicidade de Natal do Amoreiras – uma alface no colo de Maria e de José. A administração acaba depois por substituir a alface pelo menino Jesus.
2003 a 2007: Obras do túnel do Marquês provocam o caos no trânsito da zona e diminuem o fluxo de clientes no Amoreiras.
Notícia corrigida às 15h40: corrige o nome do director do Amoreiras, que é Nelson Leite e não Nuno Leite. Corrige também a referência ao peso do turismo nas vendas e esclarece os valores de crescimento das vendas até Julho deste ano