Actividade industrial chinesa sofre queda e volta a arrastar bolsas
Índice PMI sofre maior contracção em três anos, e praças europeias perdem entre 2% a 3%.
Em Agosto, o índice de actividade industrial (PMI) caiu abaixo dos 50 pontos registados em Julho, descendendo para 49,7, o que significa a maior contracção em três anos.
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Em Agosto, o índice de actividade industrial (PMI) caiu abaixo dos 50 pontos registados em Julho, descendendo para 49,7, o que significa a maior contracção em três anos.
A barreira dos 50 pontos traça a divisão entre crescimento e retracção, sendo que a última vez que o índice PMI oficial tinha descido abaixo da linha tinha sido em Janeiro, quando se fixou em 49,8 pontos.
A informação vinda da China devolveu o nervosismo aos investidores. As más perspectivas reflectiram-se nas bolsas, que encerraram a sessão desta terça-feira no vermelho. O receio sobre a subida da taxa de juros nos Estados Unidos veio também contribuir para o ambiente negativo.
A principal praça financeira chinesa, Xangai, fechou a perder 1,28%. Em consonância, as principais bolsas asiáticas seguiram a queda, com o Nikkei japonês a perder 3,84% e Hong Kong a desvalorizar 2,24%.
A reacção negativa alastrou-se mais uma vez à Europa, onde o Eurostoxx 50 fechou o dia a perder 3,08%. Também as principais praças do continente, como Frankfurt (-2,38%) e Londres (-3,03%), registaram quedas. O PSI-20 não escapou à tendência encerrou a cair 2,55%. À hora de fecho dos mercados europeus, os principais índices das bolsas norte-americana negociavam igualmente em terreno negativo.
Numa nota explicativa publicada juntamente com os indicares económicos, Zhao Qinghe, um economista do gabinete nacional de estatística chinês, referiu que “há uma dinâmica insuficiente de crescimento no sector industrial do país”.
Os dados publicados nesta terça-feira pela autoridade chinesa estão em consonância com o índice PMI realizado pela Caixin / Markit, que já a meio de Agosto publicou números provisórios que apontavam para uma contracção da actividade industrial.
Também nesta terça-feira, o índice PMI para o mês de Agosto publicado pela Markit fixava o indicador em 47,3 pontos, quando em Julho se tinha ficado pelos 47,8.
O economista-chefe da Caixin, He Fang, disse que os dados indiciam “fraca procura” e que a “recente volatilidade nos mercados globais pode pesar na economia real”. O economista avalia que Pequim deve implementar reformas estruturais de forma mais célere para “libertar todo o potencial de crescimento” e devolver um clima de confiança aos mercados.
O executivo de Xi Jinping apontou para uma meta de crescimento de 7% em 2015, mas os números que têm vindo a ser conhecidos ao longo dos últimos meses aumentam os receios de que a economia chinesa não alcance o objectivo. Em 2014, a China cresceu 7,4% mas, a juntar à instabilidade de mercado, dados como a queda das exportações em Julho e a descida do índice de actividade industrial sugerem que a China desacelere mais que o previsto.
Acontecimentos como a queda abrupta da bolsa chinesa e a desvalorização do yuan, a moeda chinesa, apenas adensam as preocupações.
Com a economia chinesa a sofrer constantes abalos nos últimos meses, os países vizinhos ressentem-se. Em Julho as exportações caíram 8,3% e as importações recuaram 8,1%, numa queda que já leva nove meses.
A Coreia do Sul, um dos grandes parceiros comerciais da China na região do Pacífico, sofreu em Agosto uma queda de 14,7% nas exportações, a maior em seis anos. O mercado chinês representa um quarto das exportações sul-coreanas, sendo fortemente afectadas com o abrandamento do gigante asiático.
Lagarde antevê menor crescimento
A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, prevê que o crescimento global seja menor que o previamente antecipado devido a uma recuperação mais lenta em zonas como a União Europeia e a uma desaceleração das economias emergentes. “No geral, esperamos que o crescimento global permanece moderado e provavelmente mais lento que o previsto em Julho”, disse Lagarde. Em Julho, a previsão de crescimento para 2015 era de 3,3%.
Em relação à segunda maior economia do mundo, a directora do FMI refere que a China está a abrandar, mas entende que tal não está a acontecer de forma brusca ou inesperada, enquanto se ajusta um novo modelo económico mais aberto ao mercado.
O primeiro-ministro chinês, Li Kepiang, afirmou no sábado que a economia apresentava sinais de melhorias na sequência de medidas de incentivo ao crescimento implementadas por Pequim. Ainda assim, o responsável, citado pelo Wall Street Journal, admitiu que o governo ainda precisava de fazer mais para garantir que o crescimento não fica aquém do esperado.
Novas medidas para apoiar a banca
Nesta terça-feira, o Banco Popular da China anunciou uma nova injecção de capital no sistema financeiro, para aumentar a sua liquidez. O banco central chinês financiou os bancos em 150 mil milhões de yuans (aproximadamente 20,93 mil milhões de euros) através de um acordo de recompra dos títulos depois vendidos, com uma taxa de juro de 2,35% e que vence num prazo de sete dias.
Esta operação é semelhante à levada a cabo na semana passada, na sequência da “segunda-feira negra” (como ficou conhecida queda de 8,46% da bolsa de Xangai).
Ainda na sequência das quedas bolsistas, o Financial Times refere que o governo chinês vai abandonar o programa de compra de acções para impedir a queda dos mercados, sendo que estratégia passa pelo aumento da regulação.