No Árctico, os sírios descobriram uma porta para entrar na Europa
Dezenas de sírios passaram da Rússia para a Noruega este ano. Alguns fizeram-no de bicicleta.
Enquanto milhares dos seus compatriotas forçam a entrada na Europa pelo mar Mediterrâneo ou atravessando os Balcãs, alguns refugiados sírios tentam caminhos menos viajados e mais longínquos mas menos arriscados, como é o caso do posto fronteiriço de Storskog, no extremo norte da Europa.
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Enquanto milhares dos seus compatriotas forçam a entrada na Europa pelo mar Mediterrâneo ou atravessando os Balcãs, alguns refugiados sírios tentam caminhos menos viajados e mais longínquos mas menos arriscados, como é o caso do posto fronteiriço de Storskog, no extremo norte da Europa.
Entre os migrantes sírios, “uma parte vivia na Rússia já há alguns anos, outros voaram do Médio Oriente até Moscovo, depois viajaram até Murmansk (Nordeste da Rússia) para depois chegarem a Kirkenes”, explicou Møllebakken.
Dirigida para uma coligação que incluiu a direita populista anti-imigração, a Noruega – que não pertence à União Europeia mas integra o espaço Schengen de livre circulação – aplica uma política restritiva de acolhimento de refugiados, muito diferente da sua vizinha Suécia, que, no ano passado, recebeu 13% daqueles que pediram asilo na União Europeia.
Sendo a passagem por Storskog interdita aos peões, o melhor é passar de carro, mas alguns migrantes exploraram uma falha na regulamentação e atravessaram a fronteira de bicicleta. “Sabemos de alguns que passaram de bicicleta em pleno Inverno”, contou o inspector Gøran Stenseth. “O frio, a neve, a escuridão… tudo isto representa um verdadeiro desafio para estas pessoas”.
A polícia de Kirkenes diz já ter apreendido duas dezenas de bicicletas e também já passou várias multas de 600 euros a russos e noruegueses que ajudaram pessoas a atravessar a fronteira a troco de dinheiro. “Neste momento, nada indica que existam redes de tráfico organizado, as pessoas que estão a fazer a travessia são indivíduos isolados, famílias ou pequenos grupos”, sublinha Gøran Stenseth.
Ao contrário do que se passa noutros países da Europa, quem chega a Kirkenes é imediatamente transportado para Oslo, onde regista o seu pedido de asilo para ser analisado. Desde o início do ano, a Noruega recebeu cerca de mil pedidos de asilo de sírios.