Áustria intensifica controlos na fronteira com a Hungria

Autoridades querem impedir traficantes que passam refugiados depois de descoberta de camião com 71 mortos. Negam pôr em causa a livre circulação no espaço Schengen.

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Refugiados encontrados na fronteira entre a Hungria e a Áustria levados para um centro de registo Heinz-Peter Bader/Reuters

Depois de, na semana passada, as autoridades austríacas terem encontrado 71 refugiados mortos no interior de um camião abandonado numa zona de descanso da auto-estrada A4, que liga uma cidade na fronteira com a Hungria à capital, Viena, o Governo anunciou um endurecimento da luta contra as pessoas que exploram os refugiados, levando-os em condições desumanas.

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Depois de, na semana passada, as autoridades austríacas terem encontrado 71 refugiados mortos no interior de um camião abandonado numa zona de descanso da auto-estrada A4, que liga uma cidade na fronteira com a Hungria à capital, Viena, o Governo anunciou um endurecimento da luta contra as pessoas que exploram os refugiados, levando-os em condições desumanas.

Desde então foram já detidos cinco traficantes e descobertos perto de 200 refugiados.

Alguns deles foram encontrados no sábado, em estado grave, numa carrinha – eram 26 pessoas, vindas da Síria, Eritreia e Afeganistão, entre elas três crianças. As autoridades dizem que teriam sobrevivido apenas mais algumas horas, se não tivessem sido socorridas. As crianças e as famílias terão, no entanto, saído do hospital a dada altura. As autoridades acreditam que tentaram seguir viagem para a Alemanha para evitar serem levadas de volta para a Hungria, o ponto de entrada na União Europeia. Seria na Alemanha que deveriam pedir asilo segundo as regras em vigor.

Estima-se que na semana passada cerca de 10.000 pessoas tenham atravessado a fronteira sérvia e entrado na Hungria, que está a construir um muro para as tentar impedir. 

A maioria destas pessoas sai da Síria, atravessa a Turquia, vai até uma ilha grega, e da Grécia segue para a Macedónia, Sérvia, e então para a Hungria com o objectivo de chegar a outros países da União Europeia como a Alemanha, Suécia ou Reino Unido. Os países de trânsito dos refugiados dizem que não conseguem lidar com este fluxo de refugiados e tentam impedi-los ou apressá-los até à etapa seguinte (como fez a Macedónia). Vários políticos avisaram já para o perigo que isto representa para o espaço sem fronteiras no interior da União Europeia.

As autoridades austríacas apressaram-se a sublinhar que com os controlos de fronteira não estavam a pôr em causa o acordo de livre circulação de Schengen, já que estes não são controlos “clássicos”, especificou a ministra austríaca do Interior, Johanna Mikl-Leitner. “Levaremos a cabo controlos durante um período de tempo indeterminado em todos os pontos de passagem importantes na região oriental, inspeccionando todos os veículos que possam ter esconderijos para pessoas traficadas”, explicou à emissora nacional ORF.

Na parte oriental, a Áustria tem fronteira, para além de com a Hungria, com a Eslováquia e a Eslovénia e mais a norte com a República Checa.

Os controlos começaram no fim-de-semana, mas foi nesta segunda-feira que se fez sentir o trânsito com mais intensidade na auto-estrada húngara M1.

Por outro lado, a Hungria deixou entretanto partir refugiados que acampavam há vários dias na estação central de Budapeste e que se queixavam de não conseguir embarcar nos comboios, impedidos pela polícia.

A espera estava a tornar-se tão difícil que havia relatos de pessoas a dizer que consideravam recorrer a traficantes que os levassem num veículo. Após vários dias no local, uma refugiada síria grávida deu à luz mesmo dentro da estação ferroviária.

Uma série de associações de voluntários prestavam ajuda, participando na limpeza e dando comida e água aos deslocados. Uma destas associações publicou nas redes sociais uma foto da estação cheia de tendas e cobertores. No meio uma criança pequena tinha um cartão quase tão grande como ela com as palavras “help me pleez”.

A Hungria prepara, para além do muro, um endurecimento das leis anti-imigração diz o diário espanhol El País. Prevê-se, por exemplo, que, se um imigrante for encontrado pelas autoridades em situação irregular ou fora do centro de acolhimento que lhe tenha sido atribuído depois da hora de recolhimento (normalmente 22h), poderá ser condenado a uma pena de até três anos de prisão.