Coligação a combater desigualdades "é como pôr Salgado no Banco de Portugal", diz BE

Catarina Martins diz que, sem maquilhagem do Governo, os números mostram 389 mil empregos destruídos desde 2011. No encerramento da Universidade de Verão do BE, António Chora foi apresentado como mandatário nacional da campanha do partido.

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Catarina Martins Nuno Ferreira Santos

"Passos Coelho disse hoje que a prioridade do país é combater as desigualdades. Eu não podia estar mais de acordo. Mas dizer, depois do que fizeram, PSD e CDS nestes quatro anos e meio, que se candidatam para diminuir as desigualdades, é como dizer que temos um problema na regulação da banca e candidatar Oliveira e Costa ou Ricardo Salgado para o Banco de Portugal", respondeu Catarina Martins no encerramento do fórum Socialismo 2015, a rentrée do BE.

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"Passos Coelho disse hoje que a prioridade do país é combater as desigualdades. Eu não podia estar mais de acordo. Mas dizer, depois do que fizeram, PSD e CDS nestes quatro anos e meio, que se candidatam para diminuir as desigualdades, é como dizer que temos um problema na regulação da banca e candidatar Oliveira e Costa ou Ricardo Salgado para o Banco de Portugal", respondeu Catarina Martins no encerramento do fórum Socialismo 2015, a rentrée do BE.

Numa sessão com um formato diferente - sem púlpito, com microfone de lapela e com a projeção de vários números sobre o emprego, riqueza e precariedade em Portugal - a porta-voz do BE acusou os líderes de PSD e CDS, Passos Coelho e Paulo Portas, de maquilharem os números do desemprego, dizendo que em quatro anos "foram destruídos 389 mil empregos no país".

"A questão do emprego e da qualidade do emprego é hoje a questão essencial do país porque é ela que marca o futuro que teremos. No Bloco não temos nenhuma dúvida de que a construção da alternativa passa pelo emprego e pela qualidade do emprego", declarou, justificando assim a importância da escolha de António Chora como mandatário nacional do partido, escolha anunciada na ocasião.

Catarina Martins recordou que o início da campanha eleitoral tem sido marcado "por uma guerra de números sobre o emprego", acusando o Governo de dizer tudo sobre o emprego e colocar caras sorridentes em cartazes pelo país para manipular as estatísticas, que mostram, em 2011 e 2015, um paradoxo: "A taxa de desemprego diminui mas a taxa de emprego também diminuiu".

"Comparar a taxa de desemprego, inflacionada por estes indicadores e ainda por 258 mil desempregadas e desempregados que já nem aparecem nos números oficiais, é tão sério como o que Pedro Passos Coelho andou a prometer ao longo de 2011", ironizou.

Também o parceiro de coligação de Passos Coelho não ficou de fora das críticas da deputada bloquista: "Paulo Portas diz que não é o Estado que cria emprego, mas é preciso dizer que o Estado tem gasto muito dinheiro a destruir a qualidade do emprego em Portugal".

A porta-voz bloquista considerou ainda que "os contratos empregos inserção são os trabalhos forçados do século XXI e o seu aumento é dos maiores ataques que têm sido feitos" em Portugal, alertando ainda que os estágios nesta altura estão a substituir o emprego.

PS e a destruição das pensões futuras
"Nestas eleições somos confrontados com duas escolhas. Podemos escolher o caminho continuado da subserviência e do empobrecimento, seja ele na versão PSD/CDS que não apresenta as contas do futuro e maquilha as do passado ou a proposta do PS que propõe uma recuperação de rendimentos com base na destruição das pensões agora e das pensões futuras", explicou.

Considerando que "estas propostas afundam o país", a porta-voz do BE afirma que "a outra escolha é de quem não aceita a destruição do país" e avisa que "sem emprego e sem salário todos os anúncios de crescimento económico que o Governo possa fazer não são mais do que o enriquecimento de alguns à conta de todos nós".

O BE defende por isso a recuperação do emprego baseada em três pilares essenciais: reforma fiscal, renegociação da divida e recuperação dos direitos de trabalho, defendendo Catarina Martins que "é preciso acabar com os abusos" e "que em cada posto de trabalho haja um contrato de trabalho, seja no público, seja no privado".

Já em ritmo de campanha, Catarina Martins concluiu deixando um apelo: "É preciso que em Portugal quem perdeu tanto tenha vontade de dar à volta a isto. É preciso que quem está a sofrer não fique resignado e utilize a sua força no dia do voto para mudar isto".