Novas dúvidas sobre condenação de Adnan Syed, figura central do podcast Serial
Caso de homicídio ocorrido em 1999 pode vir a ser reaberto, depois da descoberta de um documento da operadora AT&T.
Em Fevereiro de 2000, Adnan Syed foi condenado a prisão perpétua pelo homicídio da sua ex-namorada, Hae Min Lee, ocorrido um ano antes, quando ambos frequentavam uma escola secundária na cidade de Baltimore, no estado do Maryland. A história voltou a ser contada – e questionada – ao longo de 12 episódios no podcast Serial, entre Outubro e Dezembro do ano passado.
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Em Fevereiro de 2000, Adnan Syed foi condenado a prisão perpétua pelo homicídio da sua ex-namorada, Hae Min Lee, ocorrido um ano antes, quando ambos frequentavam uma escola secundária na cidade de Baltimore, no estado do Maryland. A história voltou a ser contada – e questionada – ao longo de 12 episódios no podcast Serial, entre Outubro e Dezembro do ano passado.
O sucesso do podcast (um programa em áudio que pode ser descarregado ou ouvido na Web) deu visibilidade ao caso de Adnan Syed – em Maio deste ano o Tribunal de Recursos Especiais do estado do Maryland decidiu que um tribunal da cidade de Baltimore teria de ouvir um novo testemunho, para avaliar se o caso poderá ser reaberto.
Em causa está o depoimento de Asia McLain, uma amiga de Syed que garante tê-lo visto numa biblioteca quando Hae Min Lee foi estrangulada – McLain foi ouvida pela equipa do podcast Serial, mas nunca chegou a ser chamada a tribunal pela advogada que representou Syed no julgamento, Cristina Gutierrez.
Enquanto espera pela decisão do tribunal de Baltimore, o actual advogado de Adnan Syed, Justin Brown, descobriu uma nova peça que poderá reforçar os argumentos a favor da reabertura do caso – um fax da operadora telefónica norte-americana AT&T enviado em 1999, durante a investigação policial.
Syed Files Supplement Re: CELL TOWER EVIDENCE http://t.co/iawJcYUgTK
— Justin Brown (@CJBrownLaw) August 24, 2015
Em resposta a um pedido de um dos agentes envolvidos na investigação, William Ritz, sobre a localização das chamadas telefónicas feitas e recebidas por Adnan Syed durante as horas em que o crime foi cometido, a operadora salientou que as chamadas recebidas "não são fiáveis" para determinar a localização de um telemóvel.
O depoimento de Asia McClain e o fax da AT&T podem ser essenciais para a reabertura do processo porque põem em causa a versão da testemunha mais sólida da acusação, que foi a chave para a condenação de Adnan Syed – o seu amigo Jay Wilds disse que ajudou a esconder o corpo de Hae Min Lee num parque florestal de Baltimore e acabou por beneficiar de um acordo com a acusação; por outro lado, os dados de localização das chamadas recebidas por Syed durante essas horas colocaram-no perto desse parque florestal, o que deu força ao testemunho de Wilds.
"Se a AT&T, que desenhou e era responsável pela torre de redes móveis, achava que as chamadas recebidas não davam informação fiável sobre a localização, não se compreende como é que a juíza do tribunal de Baltimore [Wanda K. Heard] permitiu que fosse ouvido um especialista com base nesse método", argumenta o advogado Justin Brown na petição enviada esta semana com vista à reabertura do caso.