China abranda venda global de telemóveis

Índia está a surgir como o próximo grande mercado. Crescimento mundial ainda está nos dois dígitos.

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Chineses já não estão à procura do primeiro smartphone Philippe Lopez?/AFP

O mercado chinês de smartphones deverá crescer este ano apenas 1%, segundo estimativas publicadas nesta terça-feira pela empresa de análises IDC. É um arrefecimento drástico face a 2014, quando as vendas tinham crescido 20%. Os dados vêm juntar-se a um relatório recente da Gartner, segundo o qual as vendas de smartphones na China resvalaram 4% no trimestre passado – a primeira vez que foi observada uma descida. 

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O mercado chinês de smartphones deverá crescer este ano apenas 1%, segundo estimativas publicadas nesta terça-feira pela empresa de análises IDC. É um arrefecimento drástico face a 2014, quando as vendas tinham crescido 20%. Os dados vêm juntar-se a um relatório recente da Gartner, segundo o qual as vendas de smartphones na China resvalaram 4% no trimestre passado – a primeira vez que foi observada uma descida. 

"A China continua a ser, claramente, um mercado muito importante. No entanto, o foco será mais as exportações do que o consumo, já que o crescimento doméstico está a abrandar significativamente", apontou o analista da IDC Ryan Reith. A Xiaomi, uma marca que se tornou gigante na China e no sudeste asiático, começou recentemente a entrar na Europa, EUA e Brasil. 

O impacto está a fazer-se sentir nas contas totais do sector. A nível global, as vendas continuarão a subir, mas a um ritmo inferior ao dos anos recentes. A IDC reviu em baixa as previsões e antecipa que até ao final de 2015 cheguem ao mercado 1440 milhões de smartphones, o que corresponde a um crescimento anual de 10% – um valor saudável para muitos segmentos de consumo, mas muito menor do que a subida de 28% do ano passado. A Gartner tinha indicado um crescimento mundial de 14% no segundo trimestre, a menor subida desde 2013. 

A causa do abrandamento chinês não é diferente do que aconteceu no ocidente: o mercado chegou a um ponto de maturidade. A maioria dos consumidores não anda à procura do primeiro smartphone e boa parte das vendas são feitas a clientes que querem substituir equipamentos mais antigos.  A situação é semelhante à que se verifica nos EUA e na Europa, onde o crescimento das marcas se faz sobretudo nos aparelhos de preços mais reduzidos, nos quais as margens dos fabricantes tendem a ser menores. 

"A China chegou à saturação o mercado de telemóveis é impulsionado essencialmente pela substituição. Para além do segmento de baixa gama, o apelo dos smartphones premium vai ser a chave para os vendedores atraírem [clientes interessados em] actualizações",  considera o analista da Gartner Anshul Gupta. 

As estimativas das consultoras (que são frequentemente revistas) apontam para uma mudança no cenário global. Segundo a IDC, a China representa aproximadamente 30% do mercado em termos de unidades vendidas, ao passo que a Europa tem uma fatia de 15% e a América do Norte surge com uma quota de 12%. Em 2019, o peso chinês cairá para 23%, a Europa recuará ligeiramente para os 14% e os EUA serão ultrapassados pela Índia, que saltará dos actuais 8% para 15%. 

A Índia, que se aproxima dos 1300 milhões de habitantes (menos 100 milhões do que a população chinesa), "está a conseguir muita da atenção que a China recebeu anteriormente e é agora o mercado com mais potencial", considera Ryan Reith. O analista avança com a hipótese de parte do fabrico feito em territónio chinês e vietnamita se deslocar para a Índia, onde os custos poderão ser ainda mais reduzidos. O país, de resto, já tem vários fabricantes de telemóveis, embora pouco conhecidos no ocidente: empresas como a Micromax, a Lava e a Intex. 

Nos últimos anos, a China foi um território fulcral para as principais marcas, incluindo para a líder, a sul-coreana Samsung, e para a Apple, cujos novos modelos, com ecrãs maiores, foram bem acolhidos pelos consumidores chineses. Nesta segunda-feira, depois de mais uma queda abrupta nas bolsas chinesas que contaminou os mercados mundiais, o presidente executivo da Apple, Tim Cook, fez uma comunicação invulgar, ao enviar um email para um programa televisivo em que assegurava que o negócio na China estava a correr bem. A Apple conseguiu protagonizar um dos grandes ressaltos bolsistas do dia.