Polícia preso por colegas depois de esfaquear mulher
Agente era considerado pelos colegas uma pessoa calma e ponderada, mas já havia agredido mulher uma semana antes de a ter tentado matar.
“O crime terá ocorrido em ambiente de conflito passional”, admite a PSP em comunicado. O relacionamento do casal tinha contornos conflituosos que se haviam agravado no fim-de-semana anterior, quando a mulher, de nacionalidade brasileira, foi agredida na boca pelo polícia.
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“O crime terá ocorrido em ambiente de conflito passional”, admite a PSP em comunicado. O relacionamento do casal tinha contornos conflituosos que se haviam agravado no fim-de-semana anterior, quando a mulher, de nacionalidade brasileira, foi agredida na boca pelo polícia.
A PSP foi chamada ao apartamento onde morava, no edifício Pluma, na Rua Teófilo Braga, e na altura a vítima identificou o agressor, que já se tinha ido embora, explicando que era agente daquela força policial. “No dia seguinte foi à esquadra dizer que não pretendia apresentar queixa”, relata um elemento desta força policial. Como a agressão não foi considerada grave, passível de constituir crime público, e sim mera ofensa à integridade física, o caso ficaria por ali. “Mesmo assim a PSP enviou o expediente para o Ministério Público”, prossegue a mesma fonte de informação.
No passado domingo o agente, que tem 36 anos, avisou a mãe de que iria matar a amante. Mesmo pouco convencidos de que fosse capaz de o fazer, os colegas puseram-se no seu encalço. Chegaram a telefonar-lhe, pedindo-lhe que comparecesse na esquadra. “Respondeu calmamente que já lá ia ter”, recorda um deles. Se nessa altura já tinha subido ao 10º andar onde tudo sucedeu ou se iludiu a vigilância que montaram ao edifício, conseguindo entrar no prédio sem que o vissem, é coisa que ignoram. Certo é que foi com dois tiros disparados com a arma de serviço que abriu a porta do apartamento.
Segundo uma testemunha ouvida pela SIC, a mulher chegou a pendurar-se na janela do 10.º andar, para se esconder do agressor, que tentou atirá-la para a rua quando a encontrou. Acabou por não o conseguir, e esfaqueou-a já na cozinha. A mesma testemunha conta que antes de usar a arma branca o polícia ainda agrediu a vítima com uma cadeira e com uma vassoura.
Quando os agentes da esquadra de Portimão entraram por fim no apartamento já a mulher se encontrava prostrada no chão, devido aos ferimentos. O colega ainda ali estava, e não tinha forma de negar o seu envolvimento no crime.
Embora não seja o crime que dá origem a mais expulsões de agentes da PSP e da GNR, a violência doméstica tinha, já em 2012, expressão significativa. Trata-se do último ano para o qual a Inspecção-Geral da Administração Interna apresentou estatísticas, que se cifraram em 88 denúncias contra a polícia e 69 contra a guarda por violência doméstica.