Decidam-se e depois digam o que é, afinal
A um mês do fim desta legislatura, efectuo agora um balanço sobre os temas mais importantes para os portugueses, nos últimos 4 anos. Efectuei-o separando os temas meramente importantes dos extremamente importantíssimos, através de uma análise dos títulos usados pelos comentadores nos seus textos na comunicação social. A distinção faz-se assim: os comentadores irritam-se mais quando escrevem sobre assuntos que consideram vitais para o país, logo, insultam os leitores desde a primeira frase. Que é, precisamente, o título. Logo, títulos que apenas chamam a atenção do leitor, com mais ou menos veemência, são descartados. Já títulos em que o leitor é sujeito a bullying por parte do articulista, que lhe chama nomes, são escolhidos.
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A um mês do fim desta legislatura, efectuo agora um balanço sobre os temas mais importantes para os portugueses, nos últimos 4 anos. Efectuei-o separando os temas meramente importantes dos extremamente importantíssimos, através de uma análise dos títulos usados pelos comentadores nos seus textos na comunicação social. A distinção faz-se assim: os comentadores irritam-se mais quando escrevem sobre assuntos que consideram vitais para o país, logo, insultam os leitores desde a primeira frase. Que é, precisamente, o título. Logo, títulos que apenas chamam a atenção do leitor, com mais ou menos veemência, são descartados. Já títulos em que o leitor é sujeito a bullying por parte do articulista, que lhe chama nomes, são escolhidos.
Rui Tavares, há seis meses, escrevia arreliado no PÚBLICO que “É a cultura, estúpido!”. À direita concordou-se: já três meses antes, Jaime Nogueira Pinto havia dito o mesmo “É a cultura, estúpido!” no Sol. Por outro lado, há 3 anos, Clara Ferreira Alves exasperou-se no Expresso: “É a falta de cultura, estúpido!”
Nicolau Santos, em Julho, tinha assegurado que “É a democracia, estúpidos!” Mas Diogo Agostinho, também no Expresso, tinha garantido, dias antes, que “É a economia, estúpido!” Vital Moreira, no seu blog Causa Nossa, confirma, no post “É a economia, estúpido!” Será só isso? É que Ricardo Costa, há dois meses, disse que “É a economia (e a sociedade), estúpido!” Incluirão toda a economia? Nessa altura, sempre no Expresso, João Silvestre especifica que “Não é o saldo primário, estúpido!”. Porém, em Janeiro, Raquel Abecassis, no site da Rádio Renascença, polemiza: “Não é a economia, estúpido!” Por sua banda, já no PÚBLICO, Teresa de Sousa, em Abril, sugere que “É a excelência, estúpido!” Será que, vai-se a ver e “É a política, estúpido!”, como diz Bernardo Pires de Lima em Novembro, no DN? Carlos Abreu Amorim achava que sim, quando sentenciou, assanhado, “É a política, estúpido” no Jornal de Notícias, em 2010.
O próprio João Miguel Tavares não consegue decidir-se: em Março do ano passado, no PÚBLICO, tinha afiançado que “É a realidade, estúpido!”, mas em Maio deste ano, também no PÚBLICO, volta atrás e considera que não, que “É a ciência, estúpido!” Afinal, em que é que ficamos?
Para já, em Fevereiro, esclarecera João Galamba no Diário Económico que “Não é o Syriza, estúpido!”. Mas poderá ser Boaventura Sousa Santos a ter razão quando assevera “É a saúde, estúpido!” na Visão? Ou, ainda nessa revista, terá sido Luís Silva a acertar, ao dizer “É a ecologia, estúpido!”?
Se calhar a coisa mais importante são várias coisas e Rui Neves é que tem razão quando sustenta, no Jornal de Negócios, que “É a magia, estúpido!” Talvez seja isso. Curiosamente, ainda ninguém disse: é a falta de originalidade, comentadores.