Reino Unido reabre embaixada em Teerão, quatro anos depois de ter sido atacada
O clima diplomático no Irão altera-se com as promessas do acordo nuclear e o fim das sanções económicas no país. Mas há ainda cepticismo entre britânicos e iranianos.
A figura das cerimónias deste domingo em Teerão foi Philip Hammond, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, apenas o segundo a visitar o país desde a revolução islâmica de 1979. A sua mensagem de reaproximação foi cautelosa, sobretudo porque ambos os países se encaram ainda com cepticismo. As marcas do ataque de Novembro de 2011, aliás, são ainda visíveis na embaixada. Numa das salas do edifício, acima do retrato da rainha Isabel II, há ainda um graffiti onde se lê, em farsi: “Morte à Inglaterra”.
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A figura das cerimónias deste domingo em Teerão foi Philip Hammond, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, apenas o segundo a visitar o país desde a revolução islâmica de 1979. A sua mensagem de reaproximação foi cautelosa, sobretudo porque ambos os países se encaram ainda com cepticismo. As marcas do ataque de Novembro de 2011, aliás, são ainda visíveis na embaixada. Numa das salas do edifício, acima do retrato da rainha Isabel II, há ainda um graffiti onde se lê, em farsi: “Morte à Inglaterra”.
“A cerimónia de hoje marca o fim de uma fase nas relações entre os nossos dois países e o início de uma nova – uma em que eu creio existir a promessa de melhor”, disse Hammond, já depois de içada a Union Jack. Também neste domingo abrirá a embaixada do Irão no Reino Unido – na sequência do ataque de 2011, o Governo britânico expulsou a representação diplomática iraniana do país –,embora nenhuma delas tenha por enquanto um embaixador.
Ao lado de Hammond estava uma figura relativamente menor do executivo iraniano, Abolghasem Delphi, chefe do departamento europeu no Ministério dos Negócios estrangeiros do país, que não discursou. Em todo o caso, o ministro britânico tem encontro marcado, ainda este domingo, com Mohammad Javad Zarif, o seu homólogo iraniano e uma das principais figuras da reabertura do Irão ao mundo no pós-acordo.
O ministro britânico encontra-se na segunda-feira com Hassan Rohani, o “pragmaticamente moderado” Presidente do Irão, segundo a perspectiva do Ocidente. O epíteto faz justiça à reaproximação dos dois países. Já dentro da embaixada, Hammond disse ao diário britânico Guardian que “o mais importante é distinguir entre concordar em ter um diálogo civilizado e concordar em tudo”. “É claro que não concordamos em tudo. Teremos ainda diferenças substanciais nas nossas perspectivas sobre a política e assuntos regionais”.
O reatar das relações diplomáticas com o Irão tem, da perspectiva do Reino Unido, um apelo particular. A economia iraniana, cada vez mais isolada nos últimos anos pelas sanções, tem uma das maiores reservas de combustíveis fósseis no mundo e, ao contrário dos vizinhos no Golfo, um tecido industrial rico e mão-de-obra especializada. O acordo de Julho pode agora abrir o território a investimento estrangeiro.
Por essa razão, e à semelhança do que aconteceu no final de Julho com a visita do chefe da diplomacia francesa, Hammond não está no Irão sozinho. De acordo com a Reuters, o ministro britânico viaja com “uma pequena comitiva de líderes empresariais”, incluindo figuras da Shell, da exploração de gás e petróleo, e também representantes do sector da exploração mineira e da engenharia industrial do Reino Unido.