Ossos cortados há mais de três milhões de anos
Equipa reafirma que marcas em ossos de animais foram produzidas com ferramentas, o que é mais uma prova de que, ainda antes de aparecerem os humanos, os nossos antepassados já as utilizavam.
Houve quem considerasse que os ossos tinham sido pisados. Por isso, a origem dessas marcas manteve-se controversa, até porque não havia provas directas – as próprias ferramentas. A mesma equipa voltou agora à carga, na revista Journal of Human Evolution. Não só passou a pente fino as 12 marcas nos dois ossos (um osso longo de um animal do tamanho de um antílope e uma costela de um animal do tamanho de um búfalo), como examinou mais de 4000 ossos de animais encontrados no mesmo depósito e em depósitos na zona. Depois, comparou as mais de 450 marcas detectadas nesses ossos com as marcas dos dois ossos e, ainda, com marcas de ossos pisados em experiências.
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Houve quem considerasse que os ossos tinham sido pisados. Por isso, a origem dessas marcas manteve-se controversa, até porque não havia provas directas – as próprias ferramentas. A mesma equipa voltou agora à carga, na revista Journal of Human Evolution. Não só passou a pente fino as 12 marcas nos dois ossos (um osso longo de um animal do tamanho de um antílope e uma costela de um animal do tamanho de um búfalo), como examinou mais de 4000 ossos de animais encontrados no mesmo depósito e em depósitos na zona. Depois, comparou as mais de 450 marcas detectadas nesses ossos com as marcas dos dois ossos e, ainda, com marcas de ossos pisados em experiências.
Conclusão: essas marcas são direitas e fundas, enquanto as outras são sinuosas e superficiais. “A nossa análise mostra claramente que as marcas nesses ossos não têm as características do pisoteio”, diz, em comunicado, a principal autora do novo estudo, Jessica Thompson, da Universidade de Emory (EUA). “A matança com ferramentas de pedra é o que melhor corresponde a estas marcas.”
Pelo meio, outra equipa, a de Sonia Harmand, da Universidade de Stony Brook (EUA), deu um contributo importante para cimentar este debate: em Maio, anunciava na Nature a descoberta no Quénia das primeiras ferramentas pré-humanas. Em pedra, têm 3,3 milhões de anos.