Sócrates diz que o prenderam para impedir vitória do PS

Ex-primeiro-ministro voltou a enviar uma missiva a partir da cadeia de Évora.

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Em mais uma missiva enviada a partir da cadeia de Évora, desta vez para a SIC e o Jornal de Notícias, o antigo governante acusa a justiça de ter cometido um “erro monstruoso",

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Em mais uma missiva enviada a partir da cadeia de Évora, desta vez para a SIC e o Jornal de Notícias, o antigo governante acusa a justiça de ter cometido um “erro monstruoso",

“À medida que o tempo passa cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS”, observa., para logo de seguida acrescentar que “isso não compete à justiça, mas à política".

A recente venda do seu apartamento de luxo na Rua Braancamp a um magistrado paquistanês, que teve como objectivo declarado iniciar o pagamento das suas dívidas ao amigo Carlos Santos Silva mas que se encontra sob investigação das autoridades, também merece reparo do antigo líder socialista: “O Ministério Público ordenou uma investigação pelo facto de um cidadão paquistanês ter decidido comprar um apartamento. A única razão parece residir no facto de esse apartamento ter sido meu. Já não se trata apenas do respeito que deve às pessoas e aos seus direitos, mas de perder o respeito que o Ministério Público deve a si próprio”.

José Sócrates volta a acusar o Ministério Público de “saltitar de teoria em teoria, sem nunca apresentar prova dos crimes” que nega ter cometido. E deixa algumas perguntas para validar a tese de que as grandes somas de dinheiro que gastou ao longo dos últimos anos pertenciam, de facto, ao empresário Santos Silva: se tivesse realmente conseguido uma fortuna à custa do erário público por que razão teria pedido três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos? Como explica a acusação que o seu nome nunca tenha aparecido como titular das contas bancárias da Suíça? “É como se o velho princípio in dúbio pro reo [em caso de dúvida absolve-se o réu] tivesse sido invertido”, observa.

Considerando a sua prisão “um abuso imperdoável, estranho à realização da justiça”, o ex-primeiro-ministro confronta-se, porém, com o facto de ela ter sido validada repetidamente pelos tribunais superiores a que tem recorrido desde que foi detido, em Novembro passado. Para isso, só encontra uma explicação: “Face ao que está em jogo, os magistrados das instâncias superiores tendem a conceder à investigação uma tolerância inadmissível num processo justo”.