Proezas: causas e efeitos

Nos dias de hoje muitos se perguntam como é que a Índia pobre se notabilizou em TI-Tecnologias de Informação, a ponto de se tornar a maior potência.

Havia, claro, capacidade de decisão e meios, mentes dedicadas e empenhamento. Se havia uma Índia rica, chegar primeiro era de inegável vantagem, porque as outras potências não tardariam. A aventura, e o que ela poderia trazer, deve ter sido mobilizadora do um trabalho inteligente e imaginativo, para afirmação da grandeza do país. Na realidade, a zona da Índia actual foi, no conjunto, sempre muito mais rica do que toda a Europa junta, até ser destruída pela colonização inglesa!

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Havia, claro, capacidade de decisão e meios, mentes dedicadas e empenhamento. Se havia uma Índia rica, chegar primeiro era de inegável vantagem, porque as outras potências não tardariam. A aventura, e o que ela poderia trazer, deve ter sido mobilizadora do um trabalho inteligente e imaginativo, para afirmação da grandeza do país. Na realidade, a zona da Índia actual foi, no conjunto, sempre muito mais rica do que toda a Europa junta, até ser destruída pela colonização inglesa!

Nos dias de hoje muitos se perguntam como é que a Índia pobre se notabilizou em TI-Tecnologias de Informação, a ponto de se tornar a maior potência? Partiu do zero absoluto e hoje… alguns têm a resposta fácil de que ‘eles’ têm ‘queda’ para as matemáticas ou para o cálculo mental… Mas isso pouco explica.

Para minha surpresa, um facto curioso e dispendioso, que deve ser tema de reflexão para quem queira criar actividades de 1ª linha, colocando o país no mapa de bem fazer é este: a Infosys, segunda maior empresa de TI da Índia, fundada por um conjunto de 7 engenheiros que trabalhavam noutra empresa (a Patni Computers), foi, desde o início, um modelo de empresa moderna e de vistas largas; talvez a responsável pela forte afirmação da excelência das TI no mundo, como em Portugal foi a Escola de Sagres, com o Infante D. Henrique à cabeça.

O ‘arquitecto’ da Infosys, Narayana Murthy, pôs em prática medidas inteligentes que a puseram na vanguarda das TI e revolucionaram as mentes. E algumas práticas acabaram por ser ‘modelo’ do sector, depois transpostas para outros. Por exemplo, todos os Engenheiros recrutados tinham, logo à entrada na empresa, um treino de 4 meses, pago, numas instalações de excepcional qualidade, arquitectura, enquadramento paisagistico, como nunca vira na Índia, nem em qualquer parte do mundo. As instalações de treino em Mysore, têm capacidade 16.000 de cada vez, com instalações residenciais, salas de aula, ginásios, refeitórios, piscinas, campos de jogos, etc. tudo do melhor, muito bem mantido e conservado, para condizer com a ideia da excelência desejada no intangível, absorvida dos aspectos materiais como as instalações e jardins.

E porque tanto dispêndio num país pobre? Porque é altamente rentável, para a empresa e para o país: se não se faz qualidade sempre, não se chega ao topo. O treino apropriado, com exigência no trabalho, faz realizar sempre o melhor, ou aprender, e não ‘varrer para debaixo do tapete’, tão habitual…

Não surpreende que a Infosys tenha sido das empresas indianas mais valorizadas em bolsa, alcançando mais de 30.000 milhões de dólares, quando ainda não facturaria um décimo desse valor. Criou milhares de multimilionários, portadores das suas acções. E as outras empresas de TI seguiram o exemplo, dando toda a ênfase à formação, como condição para um trabalho impecável sempre, causa de avultados retornos e força inovadora.

A boa tradição criada nessa empresa de TI é hoje, felizmente, generalizada. Para evidenciar a atração do trabalho bem feito citaria a presença forte de potentados de criação de emprego qualificado: a TCS (grupo TATA), com 330,000 trabalhadores; Infosys, com 165.000; a Wipro, com 155.000; estrangeiras: como a IBM, com 150.000; a Accenture, com 90.000; a Cap-Gemini, com 50.000, todos na India, e muitas outras…E todas elas numa maré de novos recrutamento: a Infosys já anunciou recrutar 30.000 este ano!

Práticas de bem fazer, que revolucionam sectores de actividade são uma preciosidade. Porque o país faz-se atractivo, como o foi com os Descobridores. Atrai investimentos e multinacionais, não por haver uns quantos ‘maduros’, sobredotados, mas porque há uma pleiade de gente esforçada, capaz e treinada, habituada a níveis de prestação elevada, sempre.

Professor da AESE e presidente da AAPI