Os losangos azuis que “revolucionaram” o tratamento da disfunção eréctil

O primeiro comprimido para combater a disfunção entrou no mercado em 1998. Desde então surgiu uma panóplia de opções para um problema que em Portugal afecta meio milhão de homens.

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AP PHOTO/Amr Nabil

O composto activo do Viagra é o citrato de sildenafil. Inicialmente estudado para o tratamento da hipertensão arterial, os investigadores da Pfizer descobriram depois que este composto tinha um efeito positivo na erecção masculina.

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O composto activo do Viagra é o citrato de sildenafil. Inicialmente estudado para o tratamento da hipertensão arterial, os investigadores da Pfizer descobriram depois que este composto tinha um efeito positivo na erecção masculina.

Quando tudo corre bem, a excitação sexual faz com que o sangue entre nos vasos sanguíneos que percorrem o corpo cavernoso do pénis, permitindo a erecção. Isto só é possível porque, com a excitação, há a libertação de químicos que relaxam estes vasos sanguíneos. O corpo humano pára naturalmente a erecção usando uma enzima chamada fosfodiesterase-5, que inactiva os químicos responsáveis pela relaxação dos vasos sanguíneos, fulcral para a erecção.

No caso da disfunção eréctil, muitas vezes associada a idades mais avançadas, mas que pode existir em qualquer idade, tanto por motivos fisiológicos como psicológicos, há um curto-circuito na erecção. Nesse caso, o citrato de sildenafil pode ajudar, já que inibe a fosfodiesterase-5, permitindo assim o relaxamento dos vasos sanguíneos do corpo cavernoso e a subsequente erecção do pénis no caso de haver excitação sexual.

Antes do Viagra, as alternativas para o tratamento da disfunção sexual passavam por injecções directas no pénis ou a inserção de dispositivos mecânicos. Apesar de o novo comprimido ser contra-indicado para pessoas com angina de peito (dores no peito por não chegar suficiente sangue oxigenado ao coração) medicadas com vasodilatadores, e ter de ser usado com precaução por pessoas com doença cardíaca grave e outros problemas, o certo é que mais de 37 milhões de homens já recorreram ao fármaco em todo o mundo.

Entretanto, ao mercado farmacêutico chegaram duas alternativas ao Viagra: o Cialis, da farmacêutica norte-americana Eli Lilly; e o Levitra, das farmacêuticas Bayer, GlaxoSmithKline e Schering-Plough, ambos aprovados em 2003 nos EUA. Os dois fármacos têm compostos activos diferentes entre si (o tadalafil e o vardenafil, respectivamente) e também o Viagra. Embora com algumas diferenças, actuam de uma forma semelhante ao citrato de sildenafil. O Cialis tem um efeito mais duradouro do que o Viagra. Estas novidades tiraram o monopólio do mercado à Pfizer.

Mais recentemente, vários comprimidos genéricos com o mesmo princípio activo do Viagra foram lançados no mercado. A patente do medicamento da Pfizer caiu, em 2013, em muitos países europeus e, em Janeiro de 2014, em Portugal. Uma caixa de quatro comprimidos de 25 miligramas dos 19 genéricos comercializados em Portugal custa entre 12,93 euros e 16,42 euros, enquanto o Viagra custa 32,95 euros, segundo o Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. Há ainda outros genéricos, mas com dosagem e número de comprimidos diferentes.

Esta mudança foi significativa para o mercado, passando-se em Portugal de 51.209 embalagens vendidas em Dezembro de 2013 para 85.261 em Janeiro de 2014. Os genéricos fizeram disparar as vendas com 30.350 embalagens consumidas a mais. Entre 2006 e 2013, compraram-se mais de um milhão de embalagens de Viagra em Portugal e o laboratório facturou mais de 36 milhões de euros. Mas os genéricos vieram alterar esta dinâmica e a própria Pfizer já vende um medicamento genérico do Viagra.

As vendas anuais de Viagra situam-se em 1173 milhões de euros nos Estados Unidos e 1624 milhões de euros no mundo, segundo a agência de notícias Reuters. Em 2017, os genéricos do Viagra vão também estar disponíveis nos Estados Unidos, o que terá um impacto neste medicamento, mas vai permitir que chegue a mais pessoas.