Atletas admitiram doping, mas federação internacional bloqueou estudo

Investigação levada a cabo por universidade alemã não viu a luz do dia.

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O atletismo é o foco de nova guerra entre Sporting e Benfica Foto: David Gray/Reuters
De acordo com o jornal britânico Sunday Times e a estação pública alemã ARD, quando questionados por investigadores da Universidade de Tubingen, na Alemanha, centenas de atletas confessaram, sob anonimato, terem usado substâncias para melhorar o seu desempenhado.

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De acordo com o jornal britânico Sunday Times e a estação pública alemã ARD, quando questionados por investigadores da Universidade de Tubingen, na Alemanha, centenas de atletas confessaram, sob anonimato, terem usado substâncias para melhorar o seu desempenhado.

O estudo foi feito há quatro anos e consistiu em entrevistas confidenciais com atletas nos mundiais de atletismo em Daegu, Coreia do Sul. Então, os académicos concluíram que entre 29% e 34% de 1800 atletas dos mundiais de atletismo tinham violado as regras antidoping nos 12 meses anteriores. "Estas conclusões demonstram que o doping está amplamente difundido entre os atletas de elite, e que continuam por verificar apesar dos actuais programas de teste", segundo o relatório.

O estudo foi financiado pela Agência Mundial Antidoping (AMA), que deu à IAAF poder de veto da publicação em troca de acesso aos atletas em Daegu, confirmou a AMA ao Times na sexta-feira, segundo a AFP. "A IAAF está a bloqueá-lo", disse o autor principal do estudo, Rolf Ulrich, ao The Sunday Times.

Esta semana o inglês Sebastien Coe, um dos candidatos à presidência da IAAF, defendeu a criação de uma comissão independente que reforce a luta contra o doping.

A uma semana do congresso eleitoral da IAAF, a 19 de Agosto, no qual Coe concorrerá com o ucraniano Sergei Bubka ao 'cadeirão' do organismo, o britânico defendeu que uma comissão independente seria um instrumento fundamental para a AMA e as federações associadas à IAAF.

Reportagens recentes do jornal inglês Sunday Times e do canal alemão ARD referiam que as amostras sanguíneas de 800 atletas de topo apresentavam "valores suspeitos ou altamente suspeitos", sugerindo um processo generalizado de dopagem de grande amplitude. Nomeadamente, foi denunciado que no meio-fundo (800 metros a maratona) um terço dos medalhados olímpicos e mundiais entre 2001 e 2012 estaria nesse grupo, sem que no entanto qualquer nome fosse avançado.

A ARD e o Times basearam-se na análise de 12 mil exames sanguíneos naqueles 12 anos, envolvendo cinco mil atletas, que fazem parte de uma base de dados da IAAF.

No sábado foi divulgado que a turca, de origem etíope, Elvan Abeylegesse, vice-campeã olímpica de 2008 nos 5000 e 10.000 metros, figura numa lista de 28 atletas suspeitos de doping após a reanálise de amostras recolhidas nos Mundiais de 2005 e 2007.

De acordo com fonte da Federação Turca de Atletismo, citada pela imprensa alemã, as amostras recolhidas à atleta revelaram vestígios de stanozolol, um esteróide.